Estudante de Oceanografia não resiste e falece após ser atingida por ônibus em Florianópolis
2 de julho de 2013 10 Comentários
O semestre está quase terminando para os alunos da Universidade Federal de Santa Catarina. Mas a manhã de 1º de julho de 2013 ficará na memória de toda a vida acadêmica de uma turma do curso da universidade. Próximo do horário de início das aulas, às 8h20, uma das alunas do primeiro ano do curso de Oceanografia ainda não havia chegado à aula. Não o faria mais.
Lylyan Karlinski Gomes tinha 20 anos de idade. Pouco tempo antes, trouxera a bicicleta de sua cidade natal, Porto Alegre, para poder usá-la em Florianópolis. Foi neste fatídico dia que, com a mesma bicicleta, seguia rumo à universidade. Próximo da rótula da Trindade, onde a UFSC faz fronteira com a Praça Santos Dumont, até bem pouco tempo atrás local certo dos happy hours dos estudantes que aproveitavam o Bar do Pida para relaxar após os estudos, um motorista relaxou ao volante.
O condutor do ônibus da empresa Insular não viu a ciclista, que seguia no sentido do tráfego, conforme preza a lei. A distância que aproxima (o 1,5m que o motorista deve se afastar do ciclista para ultrapassá-lo) não existiu. Lylyan foi parar sob o coletivo, sendo percebida antes pelo cobrador do que pelo motorista. Sofreu lesões no lado esquerdo, resistiu à primeira parada cardiorrespiratória, mas não aguentou e faleceu pouco após chegar ao Hospital Universitário.
Não são poucos os agentes que contribuíram para que o bom humor e otimismo da jovem Lylyan se esvaísse. Embora muito se tenha comentado sobre bicicleta nos últimos anos, nenhuma ciclovia ou ciclofaixa decente saiu na região da Bacia do Itacorubi conforme os ciclistas esperavam, incluindo a da Rod. Admar Gongaza. Até mesmo as ciclofaixas do Centro ficaram aquém do que prediziam os seus projetos originais.
Por outro lado, muito pouco se avançou em relação ao comportamento dos condutores de veículos coletivos no trânsito. Exatos quatro meses antes, em 1º de março, um veículo da mesma empresa, Insular, atropelou a cicloativista e bike anja Thaís Suzana Schadech no sul da Ilha. Já na noite do dia 05 de março, mesmo sob chuva, cerca de 15 ciclistas fizeram uma manifestação diferente no Terminal de Integração do Rio Tavares. No evento intitulado “Motorista, sua pressa = minha vida?”, foram entregues panfletos aos motoristas e cobradores dos ônibus da Insular. As promessas de outrora de reciclagem e re-educação de motoristas parecem ontem não ter surtido efeito.
Com essa situação, faz-se necessário que também a prefeitura atue, fazendo cumprir o item 16 do Termo de Compromisso com os Ciclistas, em que o chefe do executivo prometia:
“Fiscalizar a qualificação do profissional condutor de veículo de transporte coletivo, visando a evitar conflitos entre ônibus e ciclistas, por meio de cursos práticos como os ministrados no município de São Paulo”
Além disso, é necessária uma postura mais pró-ativa de órgãos como a própria universidade e o Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis, que conta com estudos para melhoramentos cicloviário e peatonal no local. Resta saber agora se as promessas de ciclovias ligando as universidades, tão propagadas em janeiro deste ano, não serão apenas palavras ao ar, mas que se tornarão realidade, contribuindo para que fatalidades como a que vitimou Lylyan nunca mais voltem a acontecer nos arredores do antro acadêmico.
Fabiano Faga Pacheco
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Lamentáve!!! Até quando???!!!??
é até engraçado ler “nunca mais”
Vergonha para florianópolis, um descaso com a mobilidade urbana… Quantas vidas mais precisamos perder Governo?
Motoristas da Insular são os mais relapsos no trânsito de Florianópolis. Com nada de fiscalização/punição, Infelizmente não será a última vez.
tristeza da família e amigos e descaso para variar, das autoridades! até quando vamos assistir nossos jovens serem atropelados e mortos impunemente? quando paramos nas faixas de segurança para as pessoas atravessarem muitos motoristas ficam indignados!
Lamentável por mais uma vida que se vai e inestimável a dor para a família..
Morei em floripa por 5 anos, saí há 2 por oportunidade de trabalho e, sinceramente, as promessas em 2005 sobre mobilidade urbana, sobre ciclovia, etc, eram as mesmas. Constato aqui hoje que absolutamente nada mudou e nem vai mudar. Vai piorar cada vez mais por conta do inchaço urbano e da falta de planejamento.
Os manés não querem ver sua ilha “cheia”, não querem ver floripa virar o caos que é o “Rio”, mas, infelizmente, esse processo começou faz tempo.
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