Florianópolis e Blumenau terão Bicicletada

Fim de janeiro de 2015, primeira última sexta-feira da metade final dos mandatos dos atuais prefeitos do Brasil.

E, em Santa Catarina, percebe-se que muita coisa não foi e nem será feita pelos que nos governam.

Em nível estadual, o governo reeleito foi o que mais fez ciclofaixas em rodovias. Infelizmente, com uma qualidade tal que, apenas na SC-401, dois ciclistas perderam a vida…. na própria ciclofaixa! E as obras que vêm por aí determinam que a qualidade vai melhorar muito pouco em relação à ciclofaixa da Rodovia da Morte. Mesmo com ajuda de ciclistas, a ciclovia compartilhada da SC-405, no Rio Tavares, ficou muito aquém do que poderia. Apresenta, ironicamente, todos os problemas que os ciclistas alertaram já durante a confecção do projeto: largura insuficiente tanto para a ciclovia quanto para a calçada, postes sobre o leito ciclável, problemas na travessia da via, lado errado da pista, não atendendo a demanda de ciclistas crianças que vão à escola, não tratamento cicloviário nas rotatórias (os trechos mais críticos) e por aí vai.

Em nível municipal, enquanto as prefeituras da Costa Esmeraldina, por onde passa o Circuito Cicloturístico Costa Verde e Mar, dão um banho nas cidades maiores, apesar de problemas pontuais, a capital catarinense exibe uma série enorme de falhas em sua gestão de mobilidade, devidamente apontadas pelos resultados do Plano de Mobilidade Urbana Sustentável da Grande Florianópolis (PLAMUS).

Apostas grandiosas e dispendiosas, com pouco resultado prático e elevado custo de manutenção, como teleférico, promovem uma gestão voltada à justaposição dos meios de locomoção, e não a uma complementação entre eles. Prova disso é que a linha de BRT prevista, além de fazer o mesmo trajeto do teleférico em vez de ser feita na mesma via que hoje comporta de 6 a 9 faixas para carros, será construída exatamente onde hoje fica a ciclovia, sendo esta jogada para um aterro a ser feito na Av. Beira-Mar Norte. Apenas para lembrar, em 23 de março de 2012 foi inaugurada a revitalização do passeio e calçada, contando também com arborização e pérgolas. O atual secretário municipal de Obras, funcionário de carreira, já ocupava cargo de diretoria à época da inauguração.

Promessas de campanha não foram e não devem ser cumpridas pelo prefeito em exercício. Bicicletas compartilhadas, maior quilometragem de ciclofaixas de lazer do país, uma das maiores malhas cicloviárias do Brasil. Nada disso esteve tão longe de ser cumprido quanto agora pela atual gestão. Mesmo projetos de ciclovias como nos bairros José Mendes ou Caieira da Barra do Sul estão muito distantes de serem considerados a ponto de virarem realidade.

Para piorar, a capital viu-se assolada com uma onda de roubos e furtos de bicicletas na própria principal ciclovia, o que gerou uma manifestação com mais de 100 ciclistas no Cicloabraço à Passarela do CIC, local onde ocorreu a maioria dos roubos.

Fevereiro, apesar de tudo, promete boas notícias, lançadas à luz da Peladada e das proximidades do aniversário de Florianópolis. Mas, enquanto isso, nada mais natural que os ciclistas saiam às ruas para mostrar sua presença na luta constante por continuar simplesmente pedalando!

Confira as Massas Críticas catarinenses de janeiro:

Blumenau

Reunião às 19h30 em frente à prefeitura.

Florianópolis

Florianopolis 2015-01-30

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Nous sommes Charlie Hebdo

Nós temos opções perante a diferença.

Podemos dialogar com ela.

Podemos integrar as opiniões contrárias.

Podemos buscar um consenso.

Podemos, em casos inconciliáveis, respeitar a existência da diferença.

E respeitar a existência do outro.

O que se viu na França nesta quinta-feira, 7 de janeiro, foi uma das mais cruéis demonstrações de ódio que pode ocorrer.

Foi uma exemplificação do desejo pela não existência do outro.

Como se o outro não pudesse existir, com suas opiniões divergentes.

As sátiras de Charlie Hebdo não poupavam nada. Valores ocidentais, cristãos, islâmicos. Nada.

Mas era ela uma publicação que manifestava idéias de uma minoria, assim como este blogue quando surgiu.

Particularmente, não acredito em limites para o humor.

Uma piada pode ter graça ou não tê-la.

Os cartuns de Charlie tinham muita graça para uns e muito pouca graça para outros.

Mas Charlie, com sua arma-caneta, não tirava o direito dos outros em existir.

O atentado de hoje não teve graça alguma – ao menos, para ninguém que preze pela existência da vida alheia, com sua variedade de formas, crenças e pensamentos.

Os tiros de hoje não tiveram graça.

Pensando bem, talvez haja sim um limite para o humor: que ele não tire a preciosidade da vida.

Visto sob esta ótica, o humor de Charlie Hebdo era superior ao não-humor das balas na carne humana que hoje atravessaram os ares de sua redação;

O atentado não é suficiente para calar a voz de quem diferente pensa.

Pode amedrontar, mas não emudecer.

O efeito, provavelmente, será ainda o contrário do esperado: mais canetas cortarão o ar em desenhos repletos de opiniões.

A mera caneta de Charlie é mais poderosa do que as armas que lhe tentaram calar.

Porque, metaforicamente, nesta quinta-feira, todos somos Charlie Hedbo.

charlie hebdo

Saiba mais no Le Monde:

Attentat contre « Charlie Hebdo » : Charb, Cabu, Wolinski et les autres, assassinés dans leur rédaction