22 de junho de 2014
por bicicletanarua
Do alto de uma bicicleta de 3,3m, Elias de Souza Aguiar, brasileiro de Corumbá fala em espanhol a frase “Pátria não é onde nasce, mas o que sente no coração” na Avenida Beira-Mar, em Fortaleza, em frente ao hotel da seleção mexicana, neste domingo. Ele veste a camisa verde do país que escolheu para chamar de pátria em 1986. E conta como chegou até sua sétima Copa do Mundo.
Ele tinha 14 anos quando começou a produzir bicicletas “malucas”. Não tinha dinheiro para ter carro. O jeito era ter bicicleta”. Com uma de suas invenções deixou o Brasil para viajar ao México onde for torcer pela seleção brasileira. Foram 12 mil quilômetros percorridos. No país que viria a ser adotado por ele, conheceu a mulher que viria a ser esposa.
“A convidei para subir na bicicleta. Ela caiu, quebrou a perna, e cuidei dela por duas semanas. Foi amor à primeira queda”, brincou. Com ela viajou à Copa da Itália para torcer pelo Brasil (o México não se classificou) e na Itália “fabricou” Elias, o filho de 23 anos que o acompanha nas suas viagens. Há quatro anos se separou. “Ela se cansou de viajar. Eu não”. Hoje ele viaja fazendo números circenses.
Cercado de torcedores mexicanos, ele se destaca. Não era para menos com sua bicicleta. “Venho para minha sétima Copa do Mundo. Vim torcer pelo México, meu país”. Desde 1986 só não foi ao Japão, em 2002. Na viagem ao Brasil, que começou em fevereiro de 2013, percorreu 2,5 mil quilômetros até o Panamá escoltado pelo filho em uma caminhonete. Lá teve de mudar os planos. “A aduana apreendeu tudo que uso nos meus shows. Não deixou eu passar. Então viemos só com a bicicleta de avião até Recife. Mas vamos pegar de volta”.
Elias de Souza Aguiar, sua bicicleta e outros torcedores receberam o México em Fortaleza. Foto: Igor Resende / ESPN.
Elias e o filho chegaram a Recife a tempo de assistir ao primeiro jogo do México em Natal, sexta-feira. Depois foram a Fortaleza, mas não sabem se conseguirão ver o jogo no Castelão. Não conseguiram ingressos ainda. Depois voltam a Recife para a partida contra a Croácia, dia 23.
O brasileiro-mexicano sustenta sua viagem vendendo pulseiras artesanais a R$ 2. Produziu 20 mil para vir ao Brasil e vendeu, de acordo com suas contas, 8 mil até agora. “É uma ajuda. Nos shows ganhamos um pouquinho mais. Mas sempre contamos com nossos fãs”, conta.
Depois de voltar ao Panamá, onde pretendem pegar de voltar a caminhonete e outras parafernálias de seu show, vendido no facebook como “Super Bike: Show de Bicicletas Más Grandes del Mundo”, a intenção é voltar ao Brasil para ficar um tempo. O destino é Matelândia, no interior do Paraná, onde Elias tem parentes. Fará seus shows pelo interior do Brasil. “Mas sempre com o México no coração”.
Bruno Winckler
Fonte: Texto originalmente publicado no portal IG, em 15 de junho de 2014, às 13h59.
Saiba Mais:
O Globo – Em sua sétima Copa, torcedor faz de bicicleta gigante o seu ganha-pão: a reportagem de Rubem Berta, o mesmo autor da foto no início desta postagem, aborda como o brasileiro tem conseguido se manter na estrada por 1,5 ano, além dos seus planos para os próximos anos.
ESPN – Bicicleta gigante, muita festa e jogadores na janela dos quartos: México chega a Fortaleza: a matéria de Igor Resende.
Veja também:
Em 2010, Elias foi também destaque em matérias da imprensa brasileira. Confira abaixo a nota publicada no Globo Esporte em 15 de junho de 2010.
Na sua sexta Copa, brasileiro desfila de bicicleta por Joanesburgo
Sem hotel, Elias Aguiar dorme de favor e passa frio nos postos de gasolina
O brasileiro Elias de Souza Aguiar, de 44 anos, desfila diariamente por Joanesburgo com uma bicicleta especial que ele mesmo construiu. Paulista da cidade de Lins, o torcedor mora no México e está na sua sexta Copa do Mundo. Elias não tem reserva de hotel na cidade e dorme de favor em postos de combustível, sofrendo com frio da madrugada. Ele viajou de avião do México até a África do Sul, com a bicicleta desmontada, fazendo uma escala na Alemanha (Foto: Zé Gonzalez / Globo Esporte).