AMoBici tem nova diretoria

No último dia 9 de dezembro, a AMoBici – Associação Mobilidade por Bicicleta e Modos Sustentáveis elegeu novos representantes durante Assembleia Geral Extraordinária. O Julio Cesar Frantz passou o cargo de diretor geral para Vinicius Leyser da Rosa, que terá ao seu lado Juliana da Silva Diehl como diretora administrativa e Fabiano Faga Pacheco como diretor financeiro. Os três são oriundos da fase da Retomada da Bicicletada Floripa, ocorrida em 2008, e quinze anos depois assumem a principal associação cicloativista da capital catarinense. Foram eleitos também Rodrigo Hoffmann Herd, Ana Maria Nascimento Destri e Karla Antunes para o Conselho Fiscal.

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Assembleia Geral da AMoBici ocorreu de forma virtual.

A nova diretoria tem como uma das suas principais metas a união de ciclistas de diferentes tribos, desde ciclistas do cotidiano a cicloturistas, ciclistas de lazer, grupos de pedal, desportistas, triatletas, mountain bikers e ciclistas de montanhas. Além disso, quer levar os ciclistas para as discussões que permeiam os problemas de mobilidade urbana, bem como as forma de uso do solo em Florianópolis.

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Diretoria da AMoBici reunida no CFH/UFSC para discutir o futuro da associação.

Apenas um dos candidatos de SC traz propostas para acessibilidade e transportes ativos em seu plano de governo

Programa do candidato Décio Lima (PT) apresentou melhores propostas para a mobilidade sustentável de Santa Catarina.

Os planos de governo dos candidatos a governador que estão no segundo turno da disputa em Santa Catarina revela posições bastante diferentes no que tange à mobilidade urbana. É o que demonstrou uma análise feita pelo Bicicleta na Rua no âmbito na Campanha Mobilidade Sustentável nas Eleições 2022, que é encabeçada pela Associação Mobilidade por Bicicleta e Modos Sustentáveis (AMoBici) e da qual também fazem parte o Comitê de Acessibilidade da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e a Caminhada Jane Jacobs Floripa.

A análise seguiu o padrão da campanha nacional. Para tanto, foram avaliados 8 itens diferentes, a saber:
1. Participação social em mobilidade/política urbana;
2. Secretaria coordenando e planejando a mobilidade e apoio aos municípios;
3. Orçamento e ampliação de investimentos para mobilidade sustentável;
4. Segurança no trânsito;
5. Acessibilidade;
6. Modos ativos (a pé e por bicicleta);
7. Transporte público;
8. Mudanças climáticas, sustentabilidade e descarbonização na mobilidade.

Cada item foi avaliado segundo o compromisso e a especificidade das propostas apresentadas, sem julgamento do mérito delas. Para cada item acima, foram checadas as propostas constantes nos planos de governo, que foram separadas em 4 categorias diferentes:
I. Comprometimento com tema o diretamente e apresentação propostas ou ações específicas;
II. Comprometimento com o tema, mas sem propostas ou ações específicas;
III. Cita vagamente no plano de governo ou tem alguma proposta ou ação vaga;
IV. Não menciona no plano de governo.

Uma síntese da avaliação pode ser conferida logo abaixo. De maneira geral, o candidato do Partido dos Trabalhadores dedicou um espaço mais qualificado em seu plano de governo para a mobilidade sustentável do que o candidato do Partido Liberal.

Avaliacao Planos de Governo Eleicoes SC 2022

Planos de Governo

Os planos de governo de ambos os candidatos está estruturado de forma bastante diferente.

O plano de Décio Lima (PT) tem 34 páginas. Ele está estruturado na forma de um documento corrido, pontuado com as diversas proposições, estruturado em 5 eixos diferentes, cada um com diversos itens e cada item com propostas correlatas. As propostas para a mobilidade urbana estão concentradas no “Eixo 2 – Desenvolvimento Urbano e Regional Sustentável”, em especial no item “2.2 Investir em mobilidade urbana e infraestrutura”, que conta com 9 propostas. Há também propostas nos itens “2.1 Aperfeiçoar a gestão e otimizar os investimentos públicos” (1 proposta afim), “2.3 Investir em planejamento urbano e habitação” (2), “2.7 Política de desenvolvimento regional” (1). O “Eixo 3 – Expansão das Políticas Públicas e Fortalecimento do Pacto Federativo” contém 4 propostas correlatas, em especial no item “3.14 Políticas públicas para as pessoas com deficiência e com transtorno do neurodesenvolvimento”. Houve ainda 4 propostas no “Eixo 4 – Gestão Democrática e Promoção de Valores Republicanos” e 1 no “Eixo 5 – Políticas, Medidas e Ações de Estado de Emergência Climática”. Todas as propostas analisadas estão sublinhadas neste PDF do Plano de Governo de Décio Lima.

O plano de governo do candidato Jorginho Mello (PL) tem 69 páginas, organizadas na forma de slide ou apresentação. Afirma que sua gestão será baseada em 5 diretrizes norteadoras que englobariam cada um dos 12 itens de programa intitulado “Caminhos de SC”. São dedicados em média 2 slides para cada item. Em poucos momentos há de fato propostas e o texto de cada eixo é constituído basicamente por um diagnóstico breve de cada item. As propostas aqui analisadas estão concentradas no item “7. Infraestrutura e Mobilidade Urbana”. Além disso, as propostas relativas à sustentabilidade foram encontradas no item “9. Economia Catarinense”. As propostas de participação social foram retiradas das diretrizes intituladas Transparência, Cidadania e Descentralização. Todas as propostas analisadas estão sublinhadas neste PDF do Plano de Governo de Jorginho Mello.

Propostas distintas

De maneira geral, Décio Lima teve 2 itens considerados comprometidos e bem especificados, 4 comprometidos não especificados, 1 citado vagamente e 1 item ausente. Jorginho Mello teve 2 itens bem especificados, 2 itens comprometidos não especificados, 1 citado vagamente e 3 ausentes.

Confira abaixo os textos exatos dos Planos de Governo dos candidatos que nos fizeram a essas avaliações. Veja também a Avaliação Planos de Governo de Santa Catarina em PDF.

AVALIAÇÃO DOS PLANOS DE GOVERNO DAS CANDIDATURAS
Textos dos Planos de Governo que fundamentaram a avaliação
TEMAS Décio Lima (PT) Jorginho Melo (PL)
Participação social em mobilidade/política urbana 4.1.2 Condução do Estado com planejamento estratégico, democrático e participativo;
4.1.5 Implantar o Sistema Estadual de Participação – digital e presencial;
4.2.3 Participação direta e efetiva de todos os segmentos da sociedade catarinense na elaboração e monitoramento das políticas públicas.
4.2.4 Ampliar a participação da sociedade nas decisões do governo por meio de conferências regionais e estaduais;
2.2.7 Priorizar as obras rodoviárias definidas pelas comunidades durante as audiências pública regionais do Orçamento Regionalizado;
TRANSPARÊNCIA, a gestão pública Estadual terá seus dados abertos (em tempo real) e públicos para o controle social.
CIDADANIA, trazer o cidadão mais próximo do Estado para acompanhar e avaliar os resultados das políticas públicas realizadas. A nossa gestão será ABERTA (em tempo real) e participativa, buscando atuar em parceria com a sociedade civil e com os setores privados. Vamos procurar, sempre que possível, atuar com a colaboração de representantes da sociedade civil em sintonia com as necessidades do nosso Estado.
Também iremos utilizar tecnologias avançadas na administração pública estadual, com vistas a aumentar da produtividade, reduzir de custos e dar maior interatividade com a sociedade.
Secretaria coordenando e planejando a mobilidade e apoio aos municípios 2.3.4 Fomentar e incentivar o aprimoramento de entidades de gestão metropolitana, buscando implementar uma agenda de melhoria do transporte público,
2.2.1 Elaborar Planos Regionais Integrados, com destaque para os problemas de mobilidade nos municípios da faixa litorânea;
2.7.3 Propiciar a realização do desenvolvimento sustentável, articulado, consorciado ou através de uma governança metropolitana, principalmente à região da Capital, que necessita de uma nova concepção sobre a integração e o desenvolvimento das cidades, das políticas públicas e de seus processos de urbanização com suas respectivas consequências ambientais, de saneamento, acesso e fornecimento de água, mobilidade, etc;
DESCENTRALIZAÇÃO, as políticas públicas do Estado serão implementadas através de parceria com os municípios representados pela FECAM.
Para poder implementar tal programa de investimentos em mobilidade urbana, se faz necessário uma reorganização do Estado, nesta área, visando a centralização do Planejamento Estratégico na Secretaria de Infraestrutura e Mobilidade, com o objetivo de integrar, racionalizar, padronizar e otimizar todas as propostas de mobilidade urbana. Como nas Regiões Metropolitanas, parte do serviço de transportes cabe aos municípios, será necessário a criação de grupos de planejamento pelo Governo do Estado, para se implementar e integrar as ações de mobilidade das regiões.
Com a ampliação das parcerias privadas e/ou concessões, que envolverão investimento, operação e manutenção dos novos modais de mobilidade urbana, o Estado se utilizará da Aresc para regulação dos serviços públicos concedidos, conforme estabelece a legislação.
Orçamento e ampliação de investimentos para mobilidade sustentável 2.1.11 Viabilizar a participação do BRDE em projetos de infraestrutura rural e urbana.
2.3.6 Garantir uma política de investimentos permanente que garantam acesso […] aos serviços urbanos essenciais, em especial de […] transporte público […]
Propomos ainda a adoção do modelo de Parcerias [para transporte de passageiros], seja sob a modalidade de concessão ou PPI, tanto para a implantação, como também para os serviços de operação e manutenção, em face da maior eficiência, rapidez e qualidade demonstrados pela iniciativa privada.
Segurança no trânsito (nada consta) (nada consta)
Acessibilidade 3.5.6 Cumprimento das garantias constitucionais das pessoas com deficiência e com transtornos do neurodesenvolvimento;
3.14.1 Fortalecer o Conselho estadual da pessoa com deficiência de caráter deliberativo e incentivar a criação de conselhos municipais;
3.14.2 Nortear de forma transversal as políticas públicas estaduais a partir do respeito e a inclusão das pessoas com deficiência e com transtorno do neurodesenvolvimento;
(nada consta)
Modos ativos (a pé e por bicicleta) 2.2.9 Criar e apoiar os municípios na criação de mecanismos para fomentar o uso de bicicletas e formas não motorizadas, conectados aos demais modais de transporte;
2.2.2 Melhorar a interligação entre os portos e aeroportos, por meio da ampliação e recuperação das rodovias, das ciclovias e dos acessos aos eixos rodoviários;
(nada consta)
Transporte público 2.2.3 Retomar, como participe estadual, o plano nacional de ferrovias e elaborar projetos para Veículos Leves sobre Trilhos (VLT);
2.2.4 Viabilizar, junto ao governo federal, as ferrovias Leste-Oeste e Litorâneas (Norte-Sul);
2.3.4 Fomentar e incentivar o aprimoramento de entidades de gestão metropolitana, buscando implementar uma agenda de melhoria do transporte público.
O Estado pretende intensificar, juntamente com os municípios, a criação de novos modais de mobilidade que possam facilitar o trânsito urbano entre municípios, principalmente nas áreas metropolitanas.
Nossa proposta vislumbra atrair investimentos privados para implantação e operações de diversos tipos de modais para o transporte de passageiros.
Iremos promover a integração dos modais [rodoviário, ferroviário, hidroviário, portuário e aeroviário].
Mudanças climáticas, Sustentabilidade e Descarbonização na Mobilidade 5.1 – Medidas de redução de emissões de carbono e de combate a crise climática; Estabelecer planos de ação com as Prefeituras destinadas ao desenvolvimento das regiões de forma sustentável, atentando para o processo de descarbonização da nossa economia.

Nenhum dos dois candidatos abordou formas de diminuir a violência no trânsito. Apenas Décio Lima apresentou propostas para a ciclomobilidade e acessibilidade. Em ambos os casos, as propostas foram enquadradas como demonstrando o comprometimento do candidato com o tema, mas sem maiores especificações.

As propostas dos candidatos em relação à fonte de investimentos foi diametralmente oposta. Jorginho Mello aponta como principal fonte de recursos para o transporte público o investimento privado, seja via concessão ou concessão patrocinada. Já Décio Lima aponta investimentos oriundos do próprio estado e do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE). As propostas para o transporte coletivo do candidato petista são mais específicas do que as do liberal, e incluem ferrovias e veículos leves sobre trilhos (VLTs).

Ambos os candidatos mencionam apenas brevemente as mudanças climáticas, não vislumbrando ações específicas sobre as emissões de poluentes na mobilidade urbana, inclusive a descarbonização do transporte coletivo de passageiros.

Leia a Carta de Compromisso com a Mobilidade Sustentável para candidatos de Santa Catarina ao Congresso

Candidatos à Câmara de Deputados e ao Senado já confirmaram adesão à Campanha Mobilidade Sustentável nas Eleições. Todos os diretórios estaduais dos partidos que lançaram candidatos em Santa Catarina foram contactados para repassarem aos seus candidatos as cartas de compromisso, bem como entrevistas e convites. A lista atualizada de quem assinou a Carta e concedeu entrevistas pode ser encontrada no site da AMoBici, que encabeça a campanha estadual em conjunto com a Caminhada Jane Jacobs Floripa, o Comitê de Acessibilidade da UFSC e o Bicicleta na Rua.

Leia abaixo o conteúdo da Carta de Compromisso elaborada por ciclistas e pedestres, incluindo pessoas com deficiência, para que os próximos governador e deputado façam de Santa Catarina um lugar melhor, mais seguro e com menos mortes no trânsito.

:: Baixe a Carta Compromisso em PDF

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CARTA DE COMPROMISSO COM A MOBILIDADE SUSTENTÁVEL


Poder Legislativo Federal
Deputado/a Federal – Senador/a

Considerando:

a. A preferência conferida à mobilidade sustentável, englobando a mobilidade a pé, cicloviária e o transporte coletivo no Código de Trânsito Brasileiro (CTB – Lei Federal nº 9.503/1997) e na Política Nacional de Mobilidade Urbana (PNMU – Lei Federal nº 12.587/2012);
b. As disposições relativas à acessibilidade contidas Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei Federal nº 13.146/2015);
c. Os teores da Política Estadual da Mobilidade Não Motorizada (Lei Estadual nº 15.168/2010) e da Lei do Sistema Cicloviário do Estado de Santa Catarina (Lei Estadual nº 17.681/2019);
d. A existência do Plano Nacional de Redução de Mortes e Lesões no Trânsito (PNATRANS – Lei Federal nº 13.614/2018);
e. A importância do Estado para a promoção da integração regional;
f. Os princípios de isonomia e equidade e a garantia de inclusão de crianças, idosos e pessoas com deficiência, temporária ou permanente, nos sistemas de mobilidade urbana;
g. O fato de as mortes por sinistros de trânsito serem uma das maiores causas de óbito dentre os catarinenses;
h. Que o país prevê reduzir suas emissões de gases de efeito estufa em 37% até 2025 e em 50% até 2030.

Assumo, perante as cidadãs e os cidadãos catarinenses, o compromisso de buscar o cumprimento das seguintes propostas:

FINANÇAS E ORÇAMENTO

1. Conceder de fato prioridade à mobilidade ativa, criando rubrica específica no Orçamento Geral da União para seu custeio e investimento, por meio das Leis Orçamentárias e do Plano Plurianual, bem como linhas de financiamento aos municípios brasileiros para a mesma finalidade, em montante crescente a cada ano;

2. Definir e garantir subsídios cruzados oriundos da tributação sobre o uso de modos de transporte individual motorizado diretamente para o transporte público e deslocamentos ativos, a exemplo da utilização de recursos de multas ou provenientes de taxação de combustíveis para a construção e planejamento de infraestrutura para mobilidade sustentável;

3. Destinar parte das emendas parlamentares para a mobilidade sustentável, inclusive para ações conjuntas com municípios e com o Estado de Santa Catarina, a exemplo da implantação de ciclovias nas rodovias estaduais;

4. Buscar a inclusão dos deslocamentos ativos no vale-transporte, garantindo subsídios e incentivos à mobilidade ativa;

5. Criar programa visando a desoneração tributária da cadeia produtiva da bicicleta, suas partes e peças, bem como desenvolver uma política industrial para o setor em todo o território nacional;

SAÚDE

6. Propor em conjunto com o Poder Executivo metas, programas e ações definidas, para diminuir o alto número de mortos e feridos no trânsito, dedicando especial atenção às pessoas mais vulneráveis – crianças, idosos, pessoas com deficiência e pessoas com mobilidade reduzida que se locomovem por modos ativos;

7. Fiscalizar a execução do PNATRANS, visando à ampliação de políticas de moderação de tráfego e a instituição progressiva de velocidades máximas compatíveis com a vida em áreas urbanas;

8. Propor melhorias na legislação atual, tornando-a mais punitiva a condutores irresponsáveis, reincidentes ou que cometam ações com potencial lesivo à saúde e à vida;

EDUCAÇÃO

9. Propor legislação para programa educativo continuado, visando à criação da cultura de priorização dos modos ativos de deslocamento e a humanização do trânsito, integrando as áreas de segurança no trânsito e saúde pública;

10. Contribuir para a formação e capacitação de técnicos e gestores públicos, visando a qualificação das políticas de mobilidade, considerando a perspectiva de gênero e as diferentes necessidades de pessoas de todas as idades, condições físicas e sociais;

11. Buscar a implementação de um programa nacional de apoio ao transporte escolar por modos ativos, viabilizando infraestrutura, educação para a convivência no trânsito e rotas escolares seguras;

POLÍTICAS PÚBLICAS

12. Buscar a instituição de um Programa Nacional de Mobilidade Ativa, para desenvolvimento, financiamento, planejamento e fomento de políticas públicas e ações para a melhoria da mobilidade a pé e por bicicleta no Brasil;

13. Envidar esforços para a criação e execução de uma política nacional de transporte ferroviário de passageiros, respeitando-se as condicionantes e especificidades ambientais;

TRANSPARÊNCIA

14. Propor a criação de um sistema nacional de pesquisa, monitoramento e avaliação das políticas públicas para mobilidade sustentável, incluindo dados qualiquantitativos relativos à infraestrutura;

ACESSIBILIDADE

15. Propor melhor regulamentação para estabelecer a governança das calçadas das cidades brasileiras, com maior responsabilização do poder público na sua construção, qualificação e manutenção, considerando ainda a adequação aos princípios e diretrizes da acessibilidade universal;

16. Normatizar acessórios de suporte para locomoção, tais como cadeiras de rodas, andadores e carrinhos de criança, bem como bicicletas, skates e ciclos, como item de bagagem pessoal para fins de transporte rodoviário, ferroviário, aéreo e aquaviário em todo o território nacional;

INFRAESTRUTURA CICLOVIÁRIA

17. Fiscalizar e exigir a inserção de infraestrutura para a mobilidade sustentável nas rodovias federais, inclusive nas revisões e/ou nos futuros contratos com concessionárias;

18. Propor a adequação de todos os prédios públicos federais à mobilidade ativa, por meio da construção de calçadas acessíveis no entorno e instalação de bicicletários;

19. Cobrar a implantação de paraciclos em terminais rodoviários, aeroportos, portos e estações ferroviárias, estimulando a intermodalidade e integrando a bicicleta ao transporte coletivo interestadual;

TURISMO

20. Colaborar para o bom andamento das discussões do Grupo Técnico da Mobilidade Ativa e do Cicloturismo e considerar a inclusão do turismo acessível e do cicloturismo no Plano Diretor de Mobilidade e Conectividade Turística;

CIDADANIA E PARTICIPAÇÃO SOCIAL

21. Participar ativamente das comissões envolvendo a temática da mobilidade urbana, fiscalizando se estão sendo priorizados os deslocamentos ativos nas ações e projetos;

22. Propor a ampliação dos espaços de participação da sociedade civil nas decisões de políticas governamentais e em órgãos colegiados relacionados à mobilidade urbana, observando critérios de paridade de gênero, incluindo a mobilidade a pé, a mobilidade cicloviária e o transporte coletivo.

Leia a Carta de Compromisso com a Mobilidade Sustentável para candidatos a governador de Santa Catarina

A mesma Carta serve para candidatos a Assembleia Legislativa.

Enquanto algumas candidaturas já assumem os compromissos com a Campanha Mobilidade Sustentável nas Eleições, outras ainda bobeiam em se engajar em atitudes que favoreçam a vida dos cidadãos catarinenses.

Leia abaixo o conteúdo da Carta de Compromisso elaborada por ciclistas e pedestres, incluindo pessoas com deficiência, para que os próximos governador e deputado façam de Santa Catarina um lugar melhor, mais seguro e com menos mortes no trânsito.

:: Baixe a Carta Compromisso em PDF

:: Confira quem já assinou a Carta

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CARTA DE COMPROMISSO COM A MOBILIDADE SUSTENTÁVEL


Poder Executivo e Legislativo Estadual

Considerando:

  1. A preferência conferida à mobilidade sustentável, englobando a mobilidade a pé, cicloviária e o transporte coletivo no Código de Trânsito Brasileiro (CTB – Lei Federal nº 9.503/1997) e na Política Nacional de Mobilidade Urbana (PNMU – Lei Federal nº 12.587/2012);
  2. As disposições relativas à acessibilidade contidas Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei Federal nº 13.146/2015);
  3. Os teores da Política Estadual da Mobilidade Não Motorizada (Lei Estadual nº 15.168/2010) e da Lei do Sistema Cicloviário do Estado de Santa Catarina (Lei Estadual nº 17.681/2019);
  4. A existência do Plano Nacional de Redução de Mortes e Lesões no Trânsito (PNATRANS – Lei Federal nº 13.614/2018);
  5. A importância do Estado para a promoção da integração regional;
  6. Os princípios de isonomia e equidade e a garantia de inclusão de crianças, idosos e pessoas com deficiência, temporária ou permanente, nos sistemas de mobilidade urbana;
  7. O fato de as mortes por sinistros de trânsito serem uma das maiores causas de óbito dentre os catarinenses;
  8. Que o país prevê reduzir suas emissões de gases de efeito estufa em 37% até 2025 e em 50% até 2030.

Assumo, perante as cidadãs e os cidadãos catarinenses, o compromisso de buscar o cumprimento das seguintes propostas:

SAÚDE

1. Buscar a meta de “Morte Zero” no trânsito, a partir de estratégias integradas para redução de óbitos;

2. Contribuir ativamente para o Programa Vida no Trânsito, ampliando sua abrangência e fornecendo o suporte dos órgãos públicos regionais e locais para participação e contribuição na análise de dados da violência no trânsito;

FINANÇAS E ORÇAMENTO

3. Conceder de fato prioridade à mobilidade sustentável, criando rubrica específica no Orçamento Geral do Estado para seu custeio e investimento, bem como linhas de financiamento aos municípios catarinenses para a mesma finalidade, em montante crescente a cada ano, seguindo a PNMU;

ACESSIBILIDADE

4. Aplicar o conceito do desenho universal em todas as obras e nos prédios públicos estaduais, proporcionando a verdadeira inclusão de todas as pessoas, sem discriminação;

CICLOINFRAESTRUTURA

5. Considerar ciclovias e calçadas como obras fundamentais e estruturantes, em vez de complementares, quando da construção, ampliação ou revitalização de rodovias estaduais;

6. Buscar a implementação de vias ciclísticas e passeios adequados nas rodovias estaduais, em conformidade com as Leis Estaduais nº 15.168/2010 e nº 17.681, de 11 de janeiro de 2019;

7. Instalar bicicletários adequados e estruturas de apoio a ciclistas em todos os prédios públicos ocupados por órgãos, agências, autarquias, fundações e afins estaduais, em todas as cidades catarinenses;

EDUCAÇÃO E CULTURA

8. Capacitar e fomentar a formação de técnicos e gestores públicos, visando a qualificação das políticas de mobilidade sustentável, priorizando o planejamento dos espaços para as pessoas, considerando a perspectiva de gênero e as diferentes necessidades dos indivíduos de todas as idades, condições físicas e sociais;

9. Elaborar programa educativo continuado visando à criação da cultura de priorização dos modos sustentáveis de deslocamento e a humanização do trânsito de amplitude estadual, promovendo e divulgando os diferentes aspectos positivos e benefícios de sua utilização;

10. Estimular e ampliar iniciativas de educação no trânsito voltada à mobilidade sustentável em estabelecimentos de ensino, a exemplo do Projeto Bicicleta na Escola;

11. Buscar a implementação de questões sobre mobilidade ativa nas provas para obtenção ou renovação da Carteira Nacional de Habilitação em Santa Catarina;

12. Implantar campanhas de segurança viária integradas com o PNATRANS, com enfoque nas ações voltadas à proteção da mobilidade ativa e sustentável;

INTEGRAÇÃO INTERMODAL

13. Buscar a integração intermodal entre pedestres, bicicleta e veículos de transporte público coletivo, tanto com a implantação de estacionamentos de bicicletas nos terminais quanto pelo transporte de ciclos como bagagem pessoal nas linhas estaduais de ônibus;

FISCALIZAÇÃO

14. Instituir programas contínuos de fiscalização de trânsito, visando a reduzir sinistros de trânsito nas rodovias estaduais;

POLÍTICAS PÚBLICAS E LEGISLAÇÃO

15. Criar mecanismos para auxiliar a elaboração e cobrar a aprovação, por parte dos Municípios, dos respectivos Planos de Mobilidade, prevendo a inclusão e preponderância da ciclomobilidade e da mobilidade a pé e do transporte coletivo;

16. Revogar leis inúteis e inconstitucionais, como Lei Promulgada Estadual nº 12.142/2002 e a Lei Estadual nº 17.403/2017, e regulamentar e aperfeiçoar o arcabouço normativo já existente;

17. Instituir a Política e o Plano Catarinenses de Mobilidade Ativa;

TURISMO

18. Estimular a criação e integração de rotas e circuitos cicloturísticos acessíveis;

PARTICIPAÇÃO SOCIAL E CIDADANIA

19. Facilitar e apoiar a disponibilização de dados estatísticos e informações sobre mobilidade, estatísticas de acidentes e mapeamento de pontos críticos para pedestres e ciclistas nos municípios catarinenses;

20. Criar e ampliar espaços e condições de participação da sociedade civil na formulação de políticas públicas e em órgãos colegiados referentes a questões de mobilidade, trânsito e transportes sustentáveis;

SUSTENTABILIDADE E MUDANÇAS CLIMÁTICAS

21. Estabelecer metas para descarbonização dos transportes e da mobilidade;

22. Buscar junto ao governo federal soluções para a ampliação do transporte ferroviário;

23. Tomar decisões sobre a construção de obras, bem como sobre a alocação de recursos, levando em consideração a avaliação de impactos, bem como de estratégias de mitigação e adaptação às mudanças climáticas.

Dia Mundial Sem Carro é dia de pedal em Florianópolis!

Nesta quinta-feira, diversas atividades agitarão Florianópolis no Dia Mundial Sem Carro (DMSC). Desde pelo menos 2008 a cidade vê a mobilização de ciclistas a cada 22 de setembro. Se para uns essa data significa o início da primavera, para outros é o “World Car Free Day“, uma iniciativa para conscientizar as pessoas sobre a liberdade de não ser escravo de seu automóvel, não dependendo dele para toda e qualquer atividade de sua vida.

Confira abaixo algumas das atividades previstas para a capital catarinense:

Pedalada (e Caminhada) do Campeche!

Mais uma vez, a Escola da Fazenda inclui a mobilidade urbana em sua proposta pedagógica e realiza a união do transporte ativo com a natureza. Neste ano, o passeio, cuja concentração ocorrerá na sede da Escola, na Servidão Jaborandi s/nº, sairá do Ristorante Campeche entre 8h e 8h30 rumo à Lagoa da Chica.

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A Pedalada/Caminhada da Mobilidade começou há mais de uma década com o nome Pedalada do Campeche. Confira o trajeto deste edição aqui (ou veja o mapa abaixo).

 

Encontro de Ciclistas na Estimada

De noite, será a vez de um grande encontro de ciclistas. Com concentração no trapiche da Beira-Mar Norte a partir das 19h e saída prevista para às 19h30, diversos grupos de pedal percorrerão um percurso até o aeroporto em comemoração ao DMSC.

Florianopolis 2022-09-22

Essa pedalada está sendo organizada pelo Bike Point, junto com a AMoBici, Estimada Bike, Floripa Bike Club e Bike Closet BR e conta com o apoio do Floripa Airport, S2 Bike Shop, Pedal do Valmir, Pedalada Criminosa, Bicicleta na Escola, ReCicle Bike Shop e Elas Pedalam.

E aí, vai ficar de fora?

 

Campanha Mobilidade Sustentável nas Eleições movimenta políticos de Santa Catarina

Desde 2008, ciclistas de Santa Catarina se unem e definem uma série de propostas para reduzir a violência no transito e, assim, salvar vidas! Desde vez, aliaram-se à “Campanha Mobilidade Sustentável nas Eleições”, coordenada nacionalmente pela União de Ciclistas do Brasil (UCB) junto com a Associação G-14 de Apoio aos Pacientes de Poliomielite e Síndrome Pós-Pólio (G-14), Associação pela Mobilidade a Pé de São Paulo (Cidadeapé), Redes Vidas Ativas e Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (IDEC).

Em Santa Catarina, a campanha está sendo encabeçada pela Associação Mobilidade por Bicicleta e Modos Sustentáveis (AMoBici) numa aliança em que também consta o Comitê de Acessibilidade da Universidade Federal de Santa Catarina, a Caminhada Jane Jacobs Floripa e o Bicicleta na Rua.

Em Santa Catarina, a campanha consiste em duas cartas-compromissos, uma voltada para candidatos a governador e a deputados estaduais e outra voltada para os postulantes ao Congresso (senador e deputado federal). Além disso, há também um questionário com 3 perguntas, que pode ser entregue por escrito ou ainda por vídeo. Para conhecer o conteúdo de ambas as cartas, confira neste link (ou confira aqui nesses próximos dias).

Para candidatos ao Palácio da Agronômica ou à ALESC a carta consta com 23 propostas englobando Saúde, Finanças & Orçamento, Acessibilidade, Cicloinfraestrutura, Educação & Cultura, Integração Intermodal, Fiscalização, Políticas Públicas & Legislação, Turismo, Participação Social & Cidadania e Sustentabilidade & Mudanças Climáticas.

Já os postulantes à Câmara dos Deputados e ao Senado têm para si uma carta com 22 propostas englobando Finanças & Orçamento, Saúde, Educação, Políticas Públicas, Transparência, Acessibilidade, Infraestrutura Cicloviária, Turismo e Cidadania & Participação Social.

Uma boa notícia é que a sociedade civil também pode demonstrar o seu apoio às Cartas-Compromissos. Grupos de ciclistas, associações, fundações, institutos e demais podem manifestar sua concordância aqui neste link.

Vote em candidatos que se engajem em ações pela vida! Vote em quem manifestar seu compromisso com a vida e a mobilidade sustentável!

4ª Reunião da Frente Parlamentar em Defesa da Mobilidade Cicloviária de São Paulo na ALESP

Em 17 de maio de 2022, no auditório Teotônio Vilela, na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (ALESP), situada no Palácio 9 de Julho, na Av. Pedro Álvares Cabral, 201, em Moema, teve início a quarta reunião da Frente Parlamentar em Defesa da Mobilidade Cicloviária paulista.

A Associação Mobilidade por Bicicleta e Modos Sustentáveis (AMoBici) foi formalmente convidada pela Associação Brasileira de Ciclistas, Skates, Patins e Cadeirantes (ABCSPC) e esteve presente com o seu conselheiro deliberativo Fabiano Faga.

A participação da AMoBici pode ser conferida no vídeo abaixo.

A principal demanda levantada foi a execução do Plano Cicloviário estadual, instituído pela Lei nº 10.095/1998 e regulamentado pelo Decreto nº 63.881/2018. De maneira geral, o plano tem sido reiteradamente descumprido, notadamente quando da permissão de ampliação de diversas rodovias estaduais.

Outro ponto bastante levantado foi a burocracia para a realização de provas ciclísticas, eventos e passeios em trechos urbanos de rodovias estaduais. Tais eventos têm sido dificultados com base em uma portaria inconstitucional. José Claudio dos Santos, o Facex, presidente da Federação Paulista de Ciclismo, chamou a portaria do DER-SP de um “crime legalizado”. O representando da AMoBici chamou de uma “infração registrada”, informando que a ilegalidade, constante nos diários oficiais e claramente inconstitucional por ferir o limite de atuação de uma portaria, pode gerar punição aos envolvidos tanto em sua elaboração e promulgação quanto nos funcionários que basearem suas decisões utilizando-se de um documento que contrapõe legislação superior.

Estiveram presentes também na reunião os deputados Sebastião Santos e Tenente Nascimento (ambos do Republicanos), além de Jessé Teixeira Félix (ABCSPC), Allan SicSic, supervisor de relações institucionais da Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (ABRACICLO), William Amaral dos Santos, do Instituto BRCiclos e membro do Ciclocomitê Paulista, Eduardo Feliciano Sanz Gomes, membro do Ciclocomitê Paulista e atuante em Campinas, Luciana Lopes da Silva Brites, presidente da Associação dos Ciclistas de Cubatão, Letícia do Espírito Santo, servidora da Secretaria de Turismo de São Vicente, e Leandro Avelino, secretário de Transportes da Estância Balneária da Praia Grande.

Foto: Abrahão Hackme.

Assista ao vídeo completo da reunião abaixo.

Pandemia fez aumentar número de ciclistas nas ruas

Matéria do Balanço Geral Florianópolis, da NDTV, afiliada da Rede Record em Santa Catarina, exibida em 27 de abril de 2021. Pode ser encontrada também aqui.

“A pandemia teve um reflexo evidente no número de bicicletas circulando. Muita gente aderiu ao veículo para lazer e como alternativa de transporte, mas o aumento vem acompanhado de duas preocupações: a segurança dos novos ciclistas e a necessidade de mais infraestrutura na rede cicloviária.”

Carta-Compromisso com a Mobilidade Ativa de Florianópolis

A Associação Mobilidade por Bicicleta e Modos Sustentáveis (AMoBici), ao longo das últimas semanas, tem promovido a campanha “Mobilidade Ativa nas Eleições”, que consiste em uma série de entrevistas com os candidatos a prefeito de Florianópolis – que podem ser assistidas no IGTV – e numa carta com compromissos a serem assumidos pelas candidaturas a prefeito e vice e apoiados pelos postulantes a vereador.

O Bicicleta na Rua apoia e endossa essa campanha – e sua empresa, associação, coletivo ou grupo de pedal também pode apoiar a partir deste link.

Até agora, 7 candidatos e candidatas a prefeito e 24 candidaturas à vereança assumiram os compromissos por uma cidade mais agradável ao caminhar e ao pedalar.

Para saber mais detalhes, acesse a página da campanha.

A carta para os candidatos a prefeito pode ser baixada em PDF ou DOCX. O termo de apoio dos vereadores também estão disponíveis em PDF ou DOCX.

Confira abaixo o teor da Carta-Compromisso:

CARTA-COMPROMISSO COM A
MOBILIDADE ATIVA DE FLORIANÓPOLIS 2020

A Associação Mobilidade por Bicicleta e Modos Sustentáveis (AMoBici) vem aqui explicitar as demandas da mobilidade ativa e solicitar o compromisso dos candidatos a prefeito e vereador de Florianópolis para proporcionar segurança e estímulo ao caminhar e ao pedalar. Nossas propostas estão embasadas em 3 grandes pilares: Infraestrutura, Proteção e Cultura.

CULTURA

Cultura é o pilar mais importante. A promoção da mobilidade ativa necessita de apoio e proatividade por parte dos órgãos públicos. É importante estabelecer metas para estimular o aumento do número de viagens por bicicleta, criar medidas educativas visando a dignificar a cultura e mostrar que Florianópolis está empenhada de fato em se tornar uma cidade mais humana e mais aprazível a se viver. Em termos de gestão, deve-se buscar a participação dos envolvidos para melhor execução das demandas. Importante considerar-se o lema “Nada sobre nós sem nós”. Para tanto, vemos como necessário: 

1) Criar uma unidade especializada de caráter executivo que trate das formas de mobilidade ativa em Florianópolis, visando a proporcionar maior agilidade na execução das demandas, dotada de quadro técnico qualificado. 
2) Destinar 20% das multas de trânsito do Fundo Municipal de Trânsito para o sistema cicloviário e para a mobilidade a pé. 
3) Manter formas de diálogo entre os técnicos e a comunidade, de maneira a facilitar a recepção de demandas relativas à bicicleta, a exemplo da Pró-Bici – Comissão Municipal de Mobilidade Urbana por Bicicleta e a Frente Parlamentar da Mobilidade Urbana.
4) Promover a mobilidade ativa através do incentivo ao uso de bicicleta e à mobilidade a pé, desencorajando o uso do carro particular.
5) Instituir Plano Municipal de Mobilidade Urbana, prevendo a interligação de ciclovias, ciclorrotas, ciclofaixas, ciclotrilhas e espaços de lazer, “pumptracks”, biciparques, locais de treino, estacionamentos de bicicleta, oficinas, passarelas, túneis e locais de interesse, como universidades, mirantes, praias e centros de compras, integrando a mobilidade urbana com o desporto e o lazer.
6) Criar tráfego multipadrão integrado e políticas de transporte público eficiente porta-a-porta.
7) Não reduzir a Ponte Hercílio Luz apenas à questão de trânsito, considerando-a como um elemento de integração do patrimônio com o turismo, esporte, cultura e lazer.
8) Cobrar a implantação de “bike racks” nos veículos de transporte coletivo e possibilitar um marco jurídico para sua implantação em veículos de aplicativos e táxis.
9) Permitir e criar condições nos veículos de transporte coletivo para o transporte simultâneo de mais de uma pessoa com deficiência física, respeitando a real demanda e legislações vigentes, como a Lei Brasileira de Inclusão (LBI).
10) Implantar Programa de Bicicletas Compartilhadas
11) Criar condições e estimular empreendimentos que tenham a bicicleta como um de seus pilares, a exemplo de ciclotáxis, cicloentregas e bike foods.
12) Criar campanhas permanentes de difusão da legislação de trânsito referente à acessibilidade e circulação de bicicletas aos condutores de veículos motorizados e aos ciclistas. 
13) Apoiar ações educacionais voltadas às crianças e aos adolescentes, a exemplo do Projeto Bicicleta na Escola. 
14) Apoiar iniciativas de auxílio aos cidadãos que almejam aprender a pedalar no trânsito. 
15) Atualizar, distribuir e disseminar o Manual do Ciclista de Florianópolis
16) Promover programas de incentivo para população ir de bicicleta ao trabalho. 
17) Oficializar o ciclismo de montanha em trilhas públicas em Florianópolis e promover o manejo adequado desses caminhos.
18) Estimular iniciativas de apoio ao cicloturismo.

PROTEÇÃO, CONFORTO E SEGURANÇA 

O uso da bicicleta deveria ser fácil. Ciclistas querem se sentir seguros. A boa iluminação, paisagens urbanas atrativas, iluminação e presença policial são sugeridas para áreas críticas. Além disso, ciclistas e pedestres precisam de ambientes seguros por não disporem da mesma condição de segurança de uma pessoa dentro de um carro. É preciso separar os tipos de veículos onde as diferenças de velocidades são grandes. Problemas como vias acidentadas, fumaça de escapamento de carros, ônibus e carros estacionando podem ser resolvidos com bom desenho, roteamento, gestão e fiscalização. Nessa esfera, temos os seguintes compromissos a serem assumidos:

19) Promover a adequada fiscalização de trânsito no município, com ênfase nos dispositivos legais de proteção ao ciclista, às vagas destinadas aos idosos e às pessoas com deficiência e na ampliação da realização de blitz da Lei Seca, com foco no período noturno e durante os finais de semana. 
20) Promover acalmia de tráfego, com implantação de Zonas 30 na maioria das vias urbanas.
21) Promover a separação física (i.e. guard rails) em vias compartilhadas com veículos em alta velocidade, como na Av. Beira-Mar Norte e Av. da Saudade.
22) Implantar programas para a redução das mortes no trânsito, seguindo os preceitos do Programa Rede Vida no Trânsito, buscando zerar a morte de ciclistas e pedestres no município.
23) Promover a fiscalização por meio de sistemas tecnológicos, como implantação de radares e semáforos inteligentes que autuem diversas infrações de trânsito que coloquem em risco a vida de pedestres e ciclistas, como velocidade incompatível e evasão.
24) Iluminar adequadamente ruas e calçadas e conciliar com programas de arborização urbana, promovendo conforto térmico.
25) Fiscalizar a qualificação do profissional condutor de veículo de transporte público, visando a evitar conflitos entre ônibus e ciclistas, por meio de cursos teórico-práticos. 
26) Planejar o espaço urbano para reduzir os deslocamentos em frequência e distância, estimulando áreas mistas e com fachadas vivas.

INFRAESTRUTURA COERENTE

Infraestrutura adequada pressupõe rede cicloviária coerente, integrada e bem sinalizada. Para tanto, vemos como necessário que sejam assumidos os seguintes compromissos:

27) Implantar malha cicloviária adequada e suficiente no município, com a construção de pistas cicláveis adequadas, incluindo ciclovias, ciclofaixas, passeios compartilhados e ciclorrotas permanentes, nos padrões definidos pela Lei Complementar Municipal 106/2002 – Anexo Il ou superiores. 
28) Monitorar e avaliar periodicamente a infraestrutura cicloviária, utilizando-se de indicadores como o Índice de Desenvolvimento Cicloviário (IDECICLO) ou a Avaliação de Vias Ciclísticas, com o objetivo de aprimorar a ciclabilidade das vias.
29) Estabelecer como meta criar, já nos primeiros 18 meses de mandato, 30 km de vias ciclísticas, seguindo os projetos conceituais e/ou executivos já existentes dentro dos quadros técnicos da prefeitura. 
30) Interligar e conectar as ciclovias e ciclofaixas já existentes através de intersecções seguras ao ciclista, em especial nos entornos dos elevados. 
31) Adequar os projetos de obras de arte viárias, tais como pontes, túneis, elevados e viadutos, à Lei Complementar Municipal 78/2001, para neles inserir a mobilidade por bicicleta. 
32) Buscar, junto aos governos estadual e federal, soluções conjuntas para a implantação de pistas cicláveis do tipo “ciclovia” nas rodovias estaduais e federal que cortam o município.
33) Construir infraestruturas de apoio à prática ciclística, incluindo pistas poliesportivas de pumptrack em praças e espaços de recreação públicos.
34) Considerar ciclovias e ciclofaixas como obras estruturais da requalificação do espaço viário, e não como obras complementares.
35) Construir e estimular a implantação de estacionamento de bicicletas adequados com inclusão para todos os tipos de bicicletas.
36) Implantar bicicletários seguros nos terminais de integração do transporte coletivo.
37) Oficializar o sistema de trilhas no bairro João Paulo como um biciparque público, integrado ao Plano Municipal da Mata Atlântica.
38) Divulgar e fiscalizar o cumprimento do Manual Calçada Certa, promovendo a acessibilidade a partir do desenho universal nos espaços públicos e privados.

#FMB7 – Transportes Peruanos

Durante minha estadia de dez dias no Peru, devido à minha participação no 7º Fórum Mundial da Bicicleta, pude me utilizar de diversos meios de transporte em meus deslocamentos pelos territórios das antigas civilizações Inca, Lima, Nasca e Paraca. Apenas entre os dias 18 e 27 de fevereiro pude mover-me por avião (internacional, nacional e local), trem, ônibus municipal, ônibus intermunicipal, ônibus-transfer, van intermunicipal ilegal, van legal, táxi legalizado, táxi ilegal, Uber, cavalo, bicicleta, caminhada urbana e trilha. Ah, claro, sem contar as “voltas” em viaturas da Policia de Turismo. Ufa!

Sim, até a cavalo eu andei no Peru! Mas este texto não é sobre isso. Chuspiyoq, Cusco.

Minha presença no Peru começou a se concretizar com a seleção de um trabalho meu para ser apresentado durante o Fórum. Como eu enviara dois trabalhos, apenas às vésperas de minha partida soube qual fora o selecionado, ainda que com mudança drástica de tema. Assim, uma palestra sobre os 20 anos de cicloativismo em Florianópolis (SC) acabou tendo o título de “Presentación de los hitos del programa ‘Bicicleta Brasil’ y la creación de la Unión de Ciclistas de Brasil”. Sem problemas! Através do Edital 01/2018 da União de Ciclistas do Brasil, financiado pelo Itaú, e com o apoio da Associação Mobilidade por Bicicleta e Modos Sustentáveis (Amobici) e da Câmara Municipal de Florianópolis – Gabinete Ver. Maikon Costa, pude dedicar-me a este evento único. E mais: verificar in loco as informações discrepantes que tinha sobre o trânsito do Peru, em especial de Lima.

:: Apresentação da Palestra do Foro Mundial de la Bicicleta (slides)

Já falaram muita coisa divergente sobre o trânsito no Peru. Qual verdade mais se aproxima da realidade? Paseo Colon, diante do Parque de la Exposición, em Cercado de Lima, Lima, um lugar difícil de se cruzar se você está a pé ou de bicicleta.

Cabe iniciar recordando que o Peru compreende três ambientes muito distintos: a Costa, a Selva e a Serra. A Costa compreende porções do litoral, famoso mundialmente pelos seus recursos pesqueiros, enriquecidos pelas nutritivas águas da Corrente do Humboldt. Falésias e desertos sucedem-se em uma grande planície de elevada umidade e rara chuva. A Selva é uma continuação da nossa Amazônia e compreende a porção mais ao norte e leste do país, a qual eu não pude conhecer. Já a Serra é famosa pelo rico acervo arqueológico incaíco e constitui-se pelas escarpas andinas.

A Serra do Peru não é para qualquer um! E isso me faz lembrar que até escalando movi-me pelo país. Rio Urubamba sendo apreciado próximo ao cume da montanha Huayna Picchu, Machu Picchu, Aguas Calientes.

Apesar de estar continuamente ocupado há milênios, o Peru tem sua rede viária, em grande parte, acompanhando rotas e caminhos históricos, menos percebido no litoral, mas onipresente na serra. A conexão entre a Costa e a Serra é precária. Devido à topografia acidentada, basicamente há duas rotas principais ligando Lima até Cusco, iniciando pela Carretera Panamericana, que margeia todo o litoral, e subindo os altiplanos nos desvios a partir de Nasca ou de Arequipa. Na rota por Nasca, são 1.100 km, percorridos em 19h30, contra 24h de viagem e 1.500km se o caminho incluir Arequipa. Em linha reta, menos de 600km separam os logradouros-mores da Costa e da Serra. Como curiosidade, o desvio de Nasca passa por uma construção chamada Los Paredones, que funcionava como uma espécie de alfândega e controle dos produtos que ascendiam à capital Inca. Mais uma prova de que as rotas antigas são ainda bastante atuais.

Caminho entre a costa e a serra que demora entre 19h e 24h de ônibus é feito em 1h20 de avião. Mas não num modelo como esse. Nasca.

As maiores modificações viárias em relação às originais ocorreram no litoral – e, claro, no deserto. A ocupação de Lima pelos Incas ocorreu pouco tempo antes da invasão espanhola e resultou num esquecimento dos caminhos, dos sítios e dos lugares. A pirâmide de Huaca Pucllana, em plena Miraflores, nos arredores do centro de Lima, ficou esquecida durante séculos. A cidade urbanizou-se e praticamente nenhum resquício visível do que era esse esplêndido sítio cerimonial permaneceu visível até 1967! A Carretera Panamericana traspassou um dos geóglifos que forma as Linhas de Nasca, hoje patrimônio da Humanidade. Cahuachi, com sua cidade perdida e sua portentosa pirâmide, estudada há décadas por arqueólogos alemães, resquício da cultura Nasca, também teve seus caminhos históricos olvidados. Possivelmente o intervalo entre o fim do Império Wari (ou Huari), sucessor de tradições dos Nasca e dos Lima, e o apogeu do Império Inca tenha sido fundamental para uma modificação desses caminhos mais antigos. Assim, talvez seja mais correto dizer que os caminhos do Peru atual são, em grande medida, resquícios das vias dos tempos incas.

Até há poucas décadas, os habitantes dessa região nem imaginavam que eram vizinhos de uma pirâmide portentosa. Huaca Pucllana, Miraflores, Lima.

No litoral plano e desértico, isso implica que modificações nos caminhos são mais fáceis de serem feitas, mas também aduz que os caminhos que contornam e vencem as altitudes dos Andes sejam mais emblemáticos e difíceis de serem modificados. De fato, o que observamos é que rodovias largas e sem acostamento, muitas retilíneas, com acessos a estabelecimentos e vias marginais cobertos por areia ou terra, predominam nas zonas baixas, enquanto as curvas estão presentes nas ascensões serranas, mesclando guarda-corpos, mirantes, acostamentos e penhascos nas beiras das estradas. Seja a altitude em que for, não costuma haver iluminação noturna.

No caminho até a Serra, essas montanhas ao fundo são fichinha! Cemitério de Chauchilla, Nasca.

Os ônibus intermunicipais que utilizei me ofertaram enorme segurança. Tinham cinto de segurança e um cobertor para mitigar as mudanças de temperaturas entre as cidades. Um deles ofertava um monitor, como o do aviões, a partir do qual eu podia ouvir música. Nem todos tinham banheiro – o que é um problema quando se fica incontáveis horas enclausurado -, e num deles o espaço entre os assentos não me permitia manter meus joelhos no espaço que lhe era destinado. O percurso feito sem paradas é um potencial incentivador de trombose nos usuários. Os valores das tarifas foi bem abaixo do que o esperado pela similaridade entre o novo sol peruano e o real brasileiro. De fato, tirando esses contratempos, que variaram conforme as empresas, foi uma boa experiência viajar de ônibus. O problema desse transporte reside justamente nos problemas gerais do trânsito peruano e de seu sistema viário.

Um dos grandes males está justamente aí. O trânsito do Peru é caótico, para dizer o mínimo. A amplíssima maioria dos motoristas não dão seta. Ultrapassagens perigosas são a regra. Há muitos veículos antigos circulando pelas ruas, com seus problemas de mecânica, segurança e poluição (e por que não dizer também de potência?). As estradas e vias urbanas assemelham-me muito a campos de batalha. Vence-se no berro, na buzina, na agressão e na aceleração. Soma-se a isso o fato de que inúmeros veículos têm seus cintos de segurança escondidos ou retirados e que capacetes são itens pouco comuns nas motocicletas. Está aí a receita para cerca de 4.000 mortes por ano, ou 11 por dia (um aumento em relação às 8 por dia em 2016), no país andino de pouco menos de 32 milhões de habitantes.

Para chegar até aí eu tive menos chances de desenvolver trombose ou outras doenças cardiovasculares do que subindo a Serra num ônibus. Montanha Huchuy Picchu, Machu Picchu, Aguas Calientes.

Ouso dizer que os fatores nos meios urbanos e rurais são diferentes. Nas estradas, veículos de menor potência vão frequentemente para o acostamento, onde ele existe, para deixar veículos mais velozes ultrapassarem. Lá o acostamento é quase uma nova faixa para automóveis e isso dificulta a sua utilização por ciclistas e pedestres. Acontece que a onipresença do deserto e a baixa densidade demográfica entre as cidades ajuda a diminuir as incidências de acidente com estes grupos. Inclusive, ambiente extremamente inseguro não facilita o ciclismo nem mesmo o cicloturismo. As falésias à beira-mar entre San Miguel e Miraflores tornam-se muito mais difíceis de serem vencidas com as pistas em elevadíssima velocidade e a falta de acessos acessíveis à escala humana que encontram as pessoas. Das residências, pode-se facilmente olhar para a vastidão do Pacífico, mas não chegar até a praia a poucas centenas de metros de distância.

Chris Carlsson na ciclovia do Malecón de la Marina. O mar está tão perto, mas tão inacessível. Na entrada do Complejo Deportivo Manuel Bonilla, Miraflores, Lima.

Isso leva-me a conjecturar que as ultrapassagens indevidas, as quedas de ribanceiras, as colisões frontais e as altas velocidades sejam as principais causas dos acidentes nas rodovias, enquanto a imprudência, a imperícia, a ebridade e o desrespeito puro e simples ao mais próximo sejam as principais causas nos meios urbanos, aliado à falta de infraestrutura adequada para pedestres e ciclistas.

Quero dissertar um pouco mais sobre dois desses pontos: imperícia e ebriedade. O Uber que me levava do aeroporto de Callao ao terminal rodoviário da empresa Cruz del Sur chegou a atingir uma calçada numa das curvas em um dos ambientes relativamente tranquilos de um dos bairros de Lima. Espelhos caídos ou faltantes foram cenas comuns em Lima. Veículos amassados ou arranhados também.

Já a embriaguez é alimentada por uma das clássicas bebidas populares peruanas, o pisco. Em praticamente qualquer lugar você vai encontrar o pisco, em diversas essências e vidrarias. Some-se a isso a oferta ampla de bares e restaurantes, muitos a bons preços, nos centros das principais cidades. Está aí a combinação perfeita a fatalidade.

Um outro problema bastante evidente no Peru é a culpabilidade do pedestre. Dados do Instituto Nacional de Estadística e Informática (INEI) referentes a 2017 apontam que 5.966 acidentes, de um total de 70.030, tiveram como motivo a imprudência do pedestre. Oras, é muito difícil ser pedestre no Peru! Claro que há locais especialmente agradáveis a quem está a pé. O Departamento de Lima tem a atual Avenida Arequipa, o Malecón de Miraflores e a Av. José Pardo como interessantes exemplos de infraestrutura para ciclistas e pedestres. Nasca tem a Av. Bolognesi e Cusco tem desde este ano sua Plaza Central salvaguardada dos veículos particulares e a Av. San Martin foi revitalizada. Ainda assim, apesar desse recente avanço, ser pedestre no Peru é muito emblemático. Falta a preferência ao ser humano, carece de infraestrutura básica (como faixas de pedestres) e há uma sobra de motoristas que não reconhece o direito ao pedestre de existir ou de circular com segurança. É muito difícil conseguir expressar verdadeiramente o quanto, fugindo desses oásis de tranquilidade, é difícil caminhar no Peru. Cada cruzamento a transpassar costuma ser uma aventura.

A avenida Bolognesi, em Nasca, foi revitalizada com motivos em alusão aos geoglifos das Linhas de Nasca. Virou atrativo turístico e rota gastronômica.

Centro de Cusco virou espaço só para pedestres. Plaza Mayor, Cusco.

População e turistas aprovaram a abertura da Plaza Mayor de Cusco unicamente a pedestres.

Creio ser desnecessário, nesse ambiente, falar sobre acessibilidade. Caminhei 2,5km com bagagem entre o Terminal Rodoviário de Cusco e meu hostel. Nos melhores locais, não encontrei dificuldade, como era de se esperar. Mas rotatórias sem paradas para pedestres e meios-fios muito elevados e sem rampas estavam presentes na agradável rota que optei. Cruzamentos para pedestres também estavam ausentes lá. Imagina a cena: você está num calçadão em vão central e, de repente, ele acaba do nada e não há uma faixa de pedestres ou um semáforo que te auxilie no traslado. Um outro problema para a acessibilidade é a declividade. Tanto Lima quanto Cusco têm variações altimétricas consideráveis. Escadas são elementos presentes, assim como o são em Águas Calientes. Una a isso a falta de passeios adequados em locais planos e você terá uma cidade não-acessível.

Nesta calçada, um pedestre mais gordinho tem que se equilibrar para não cair na rua e ser culpabilizado pelo seu próprio “acidente”. Calle Chiwanpata, San Blas, Cusco.

As escadarias não impedem que as pessoas conheçam a Pedra de Doze ângulos. Exceto se ela estiver de cadeira de rodas… Cuesta de San Blas, Cusco.

Uma cidade na Serra faz jus à localização e contempla inúmeras ladeiras. Escadarias de Pumacurco, antes de adentrar as escadarias do Sítio Arqueológico de Sacsayhuaman, em Cusco.

Transporte Terrestre

O Peru tem 78.000 km de rodovias e pouco menos de 1.900 km de ferrovias (excluindo-se a recente conexão entre Cusco e Arequipa, que não foi contabilizada). Dados históricos indicam que o país tem recentemente perdido parte de sua malha férrea, que era de 3.462km em 2005. E grande parte dessas ferrovias são ou para a logística da extração mineral ou turística, com pouca importância para a mobilidade urbana. As passagens são extremamente mais caras do que os demais modais, em especial se considerarmos o tempo e o percurso do deslocamento, além de os valores serem tabelados em… dólares! Há inúmeras gratuidades e descontos significativos para peruanos, de forma que o turismo subsidia diretamente os abonos aos locais. Teria que ser diferente? Os destinos turísticos peruanos acessíveis por trem costumam ter uma elevada demanda, incrementada pela recente limitação diária de turistas que podem visitar locais como Machu Picchu.

Locomotiva do trem turístico Expedition, da PeruRail, em Aguas Calientes, vindo de Ollantaytambo repleto de estrangeiros.

 

Trem turístico Vistadome, da PeruRail, perfazendo o trecho de volta de Aguas Calientes a Ollantaytambo.

Não pude conhecer o metrô de Lima. Para os meus deslocamentos, eles seriam pouco úteis e eu teria que fazer baldeações com os ônibus para poder acessar alguns de meus destinos. O metrô de Lima é recente, de 2011, e tem 1 linha pronta, 2 em construção e 3 em planejamento. Hoje opera com 26 estações por 35km.

Nessa situação, claramente o meio rodoviário é favorecido. Isso fez prosperar negócios distintos para o traslado de pessoas. Vamos recomeçar pelos ônibus.

Enquanto o ramal da linha 4 do metrô de Lima não chega ao aeroporto, um transfer desloca-se entre Callao e diversos distritos de Lima. Preço elevado e poucas opções fazem-no sair relativamente vazio a cada hora. É bastante confortável e conta com carregador USB para equipamentos eletrônicos. É, de fato, apenas um transfer, sendo um componente acessório ao sistema de transporte. Os veículos particulares, incluindo táxis e Uber, dominam a chegada e saída do aeroporto.

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Em muitas cidades, há uma competição forte entre as empresas de transporte de passageiros. Não costuma haver uma rodoviária central, mas, no mundo fortemente capitalista do Peru, isso não impede de haver uma aglomeração de empresas em pontos específicos da cidade. Cusco foi uma exceção: havia um terminal rodoviário, muito mal organizado e sinalizado, mas contemplando diversas empresas de ônibus e agências de turismo. Ainda assim, a cidade apresenta outros pontos para integração regional, por ônibus, carros particulares ou vans. Apesar disso, a rodoviária de Cusco serve bem para a integração com linhas nacionais e regionais de ônibus. Escondido, há um terminal ferroviário (Estación Wanchaq) que atende a diversas empresas – destaque para a PeruRail e a IncaRail – que fazem o transporte sobre trilhos para Águas Calientes, Urubamba, Ollantaytambo, Puno ou Arequipa. Para ir aos três primeiros destinos, entretanto, é necessário tomar uma van até a estação mais próxima (Poroy).

Cusco foi uma das poucas cidades que possuía um terminal rodoviário para abrigar diversas empresas de transporte e agências de turismo. Havia até um altar no piso superior. Terminal Terrestre Cusco.

Como eu escrevia, as cidades não costumam ter estações centrais e mesmo as que têm enfrentam obstáculos semelhantes. No Peru, a regra é cada empresa ter a sua garagem, o seu terminal, ou o seu espaço na rua para embarcar passageiros. Isso em si não é um problema. Na Europa é bastante comum que os terminais rodoviários de alguns países sejam privados. É a regra na Croácia e na Bósnia-Hezergovina. Acontece também na Grande Florianópolis, em que a Jotur construiu o seu terminal em Palhoça e a Biguaçu pretende inaugurar o seu na cidade homônima. O terminal da Cruzeiro do Sur em Lima é um belo equipamento. Já em Nasca, as empresas ocupam alguns poucos quarteirões, situadas lado a lado, favorecendo a competição e baixando os preços para o consumidor. O lado bom de Nasca é a quantidade de boas empresas, em questão de comodidade e segurança, ofertando um serviço-padrão. Claro que o ambiente ao redor desses locais – pode-se chamá-los de rodoviárias particulares – continua inseguro. Calçadas e acessos a ônibus ou veículos digladiam pelo espaço nos lotes e a iluminação pública nem sempre é a adequada. Mas é na periferia de Cusco onde se pode observar como os efeitos do capitalismo nas formas de locomoção têm seus resultados mais adversos.

Para ir a Ollantaytambo ou Urubamba várias vans e automóveis, nos mais diversos estados de conservação, saem da Calle Belen, a sudoeste da Plaza Mayor de Cusco. Basta caminhar um pouco e você poderá verificar a quantidade de anúncios de saídas para esses locais. Próximo a essa rua, um comércio informal – e mesmo ilegal – ocupou um nicho pouco explorado e tornou o local referência no transporte entre Cusco e essas cidades. Por ali, os preços são combinados com o motorista, que tem a palavra final. Uma van, sem conforto algum, rádio quebrado, motorista imprudente, só sai se estiver lotada. Já você pode tentar dividir um veículo com outras pessoas ou fechar para si mesmo um motorista particular, não credenciado, que te levará ao destino. De forma alguma o problema é o preço “dinâmico” ou o credenciamento do motorista, mas fica evidente – até pelo número de mortos nas estradas peruanas – que uma regulamentação mínima salvaria vidas e tornaria a viagem muito mais segura.

O desrespeito ao consumidor nesse tipo de relação ficou evidente! Eu havia combinado seguir de Cusco até Ollantaytambo, mas tive que descer em Urubamba porque apenas dois dos passageiros dessa van continuariam após essa cidade rica em história. Descemos na rodoviária e tivemos que pegar outra van até o destino final. Apesar de o custo monetário da viagem total ter sido menor, houve o custo temporal de mais um traslado e novamente em uma van apertada, mas dessa vez ainda mais apinhada. De certa forma, a falta de transporte público permite esses pequenos e grandes abusos que, na realidade, não trazem um retorno financeiro esperado ao motorista, que tem que se desdobrar para conseguir o máximo de clientes pelo melhor preço, sob o risco de prejuízos. Isso faz com que a renda desses que conduzam pessoas seja pequena frente aos custos de manutenção e operação do veículo, assunto que ficará mais evidente quando eu abordar o sistema de táxis. O preço para o consumidor da mesma rota feita por uma empresa legalizada é o triplo, sendo os custos bastante similares. Quem é que realmente ganha com isso? Não se aproveita do fluxo turístico, não se melhora as condições de transporte, não se subsidia população necessitada, não ganha muito o motorista (trabalhador) e não circula muito dinheiro para movimentar economia e ainda há o ônus da segurança e da poluição…

Sobre táxis e aplicativos

Os mais neoliberais exaltam Lima – e o Peru! – como uma cidade em que se pode tudo (ou muito) sem a intervenção do Estado. Alegam que qualquer um com um ônibus ou uma van pode fazer o seu itinerário e, com isso, há mais opções de horários, de preços e de locais com demanda atendida. O que talvez esses neoliberais não perceberam é que haveria uma diminuição da mais-valia do trabalho – uma desconsideração mesmo do valor da hora trabalhada -, um superdirecionamento de trabalhadores a um setor que exige pouco conhecimento técnico (e que possivelmente está fadado à extinção ou à uma revisão ampla de como ser motorista numa era de carros autônomos), uma oferta de serviços que nem sempre chega aos recantos distantes e – o mais curioso – um aumento nos custos operacionais! Explico: a grande quantidade de motoristas, profissionais ou amadores, legais ou ilegais, provoca congestionamentos desses veículos, frequentemente nos mesmos locais mais movimentados, diminuindo a velocidade média das vias e das viagens, proporcionando menor capacidade no serviço de transporte de passageiros por motorista e aumentando a poluição.

Metade desses veículos pretendem transportar você para algum lugar. Avenida El Sol, Cusco.

Sim, percorrendo o centro de Cusco, na Avenida El Sol, metade dos veículos eram motoristas tentando angariar passageiros. Em alguns locais, paravam no meio de ruas em que só cabia um veículo para embarcar, não importando o tamanho da fila que viria a se formar. A Avenida del Ejército, em Miraflores, também tinha um intenso contingente motorizado à caça de viandantes. No Peru, usei Uber em Lima, táxi legal e ilegal em Cusco e táxi particular cuja situação eu não faço idéia de qual seja em Nasca. Em Lima, há maior controle em relação à legalidade da documentação e, principalmente, registro para os taxistas. Novas medidas estavam sendo tomadas pelo governo peruano para fiscalização dessa atividade.

Conversando com um taxista legalizado de Cusco, fui informado de que a situação está difícil, mas que já foi muito pior e que, com o aperto da fiscalização, deve melhorar. Carros mais antigos, motoristas com licenças vencidas e sem um registro simples têm sido abordados, mas não com tanta intensidade na Serra. Por sinal – e por curiosidade -, um dos táxis ilegais que tomei fora chamado com um sinal de mão pela própria Policia de Turismo, em frente à delegacia.

Em Ollantaytambo, microcarros servem desde comida até para transportar passageiros.

Como a oferta não é fiscalizada como deveria, a prática do serviço de táxi ilegal não impede que haja um cartel informal nos preços para locais mais comuns. No final da madrugada, 3 taxistas, dois ilegais e um legal, ofertavam o mesmo valor para uma corrida ao aeroporto, a um preço acima da média. Essa situação chegou a irritar o futebolista equatoriano Santiago T.T., torcedor fanático do Bayern München e jogador de um clube de Munique da sexta divisão do campeonato alemão, com quem dividira um carro privativo entre Ollantaytambo e Cusco, um quarto em hostel e o táxi ao aeroporto da outrora capital inca.

Em Cusco, não vejo grande potencial para o crescimento da Uber. São tantos motoristas por conta própria que pensar em pagar 25% do valor da corrida a um aplicativo não parece atraente e tampouco competitivo. O mais curioso é que justamente a elevada permissividade para o transporte de passageiros é o que pode ser o principal obstáculo de uma gigante da tecnologia que apregoa a liberdade em ofertar e demandar caronas pagas…

Particularmente, fora o já explanado aqui, não tive problemas com Uber. São condutores com comportamento típico do motorista médio peruano. Já falei sobre a calçada atingida. O ciclista não costuma ser um indivíduo considerado parte do trânsito. É meramente um potencial danificador do veículo e suspeito que esse seja o principal motivo para não haver um índice ainda maior de colisões envolvendo bicicletas no Peru.

Vale também dizer que o táxi no Peru é muito barato, pelos motivos que apontei acima. Um dia de bom faturamento para um motorista peruano indica ganho de 30 sóis por hora de trabalho (aproximadamente R$ 30,00). Você pode facilmente alugar o seu próprio motorista pagando esse valor. Vou repetir: é por hora! Uma corrida de 10 km percorrida em pouco mais de 10 minutos em Florianópolis em bandeira 2 custa mais que este valor.

Em suma, há problemática grande associada ao serviço de transporte privado de passageiros no Peru. Os preços são muito atraentes ao usuário, mas a segurança e as condições do veículo não são garantidas. Motoristas legais e ilegais cobram praticamente o mesmo preço e podem recusar corridas se assim o quiserem. Há um aumento da poluição atmosférica e dos custos operacionais em ser motorista devido à elevada oferta, o que resulta também em subempregabilidade, que tende a ser agravada nas próximas décadas com os avanços tecnológicos.

Ônibus do governo

Antes de me voltar à ciclabilidade, vale a pena falar sobre oportunidade. Governantes podem, com oportunidade, observar uma demanda e, em vez de conceder, licitar ou permissionar um serviço a terceiros, atuar para que a coletividade tire proveitos do lucro advindo dessa demanda. Um Estado não precisa ser máximo ou mínimo. Esses são adjetivos que somente servem ao bate-boca político. Um Estado tem que ser bem gerido, bem administrado. Não adianta ele ser mínimo e não atuar pelo bem de seus cidadãos que compactuaram com o pacto social (acho que me tem vindo muito Rousseau e Marx à cabeça ultimamente, apesar de eu perceber defeitos graves nas teorias de ambos). Tampouco adianta ele ser um gigante que atue de forma não estratégica e sem a geração do aporte financeiro que lhe torna financeiramente sustentável ou administrável.

Por que falei isso? Há alguns anos, o alcaide de Águas Calientes verificou uma demanda de turistas e guias para se chegar até a entrada do sítio arqueológico de Machu Picchu. Junto a particulares, instituíram a hoje tradicional linha turística, cujas tarifas estão em elevados US$ 12,00 o trecho. Mas mais: ele criou também a própria Empresa Municipal de Transportes Machupicchu (Tramusa). O trajeto é extremamente demandado por turistas que não irão pernoitar na cidade ou que não tenham tempo ou condições físicas de subir os mais de 500 metros de altura que separam o Pueblo do místico lugar. Com isso, agregou empregos à população e trouxe renda à pequena cidade. Com o lucro (foram $ 8 milhões de sóis em 2014), além de melhorar o aspecto da vila, pôde criar um circuito de artes ao longo ao rio homônimo. Será que os benefícios na limpeza urbana seriam percebidos se o serviço fosse explorado por exclusivamente por particulares? Será que haveria o compromisso com a circulação quase ininterrupta dos ônibus? Será que haveria a melhoria – pequena, mas importante, na encantadora estrada que sobe a Machu Picchu? Difícil dizer e seria um inútil exercício de futurologia imaginar o que seria feito com uma gestão pública menos eficiente.

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Pedalando

Consegui percorrer Lima de magrela durante os últimos dias do Fórum Mundial da Bicicleta. Foi na capital do país, por sinal, o local onde mais vi ciclistas. No deserto de areia e cascalho de Nasca eles apareceram, mas pouco abundantes, enquanto em Cusco basicamente só vi – e invejei – cicloturistas. Durante o evento, numa tenda ao lado do Estadio Niño Héroe Manuel Bonilla, em Miraflores, os participantes poderiam alugar uma bicicleta por 10 sóis ao dia, muito conveniente para quem quisesse participar da Massa Crítica ou das festas após as apresentações.

Tenda da Bicilandia ao lado do Complejo Deportivo Manuel Bonilla. Lá os participantes do evento podiam alugar bicicletas a valores muito convidativos. Miraflores, Lima.

Aluguei por dois dias, a partir das 18h do dia 24 de fevereiro, a tempo de participar da pedalada cicloativista. Curioso é que, no dia seguinte,pela noite, recebi uma mensagem do Victor, venezuelano que estava havia dois meses em Lima, dizendo que, como havia trabalhado até às 19h naquele dia, fecharia às 17h no dia seguinte… justo o que estava planejado para conhecer Lima sobre a magrela!

Sem cadeado, bicicleta alugada repousa em um paraciclo improvisao na entrada de Huaca Pucllana, Miraflores, Lima.

E não é que eu participei de uma Bicicletada em outro país? Avenida del Ejército, Miraflores, Lima.

Com bicicleta, pude obter uma maior mobilidade em Lima. Ainda assim, sempre que possível, eu evitava as ruas movimentadas ou sem ciclovia. Mas isso não foi nenhum grande desafio para mim, que estava em Miraflores. Esse distrito é cercado por ciclovias, além de ter ruas internas com trânsito local. Além da ciclovia do Malecón, que interligava um conjunto grande de parques, equipamentos desportivos e jardins, existem ciclovias na José Pardo, José Larco e Arequipa. Por isso, os caminhos entre Miraflores, Lince e San Isidro foram, em sua maioria, tranquilos. Circular por esses espaços arborizados e segregados era totalmente diferente do que circular pela Avenida del Ejército e seu trânsito anárquico. Acompanhando uma participante do Fórum por essa via, ela insistia em utilizar a calçada. Algumas vezes, mesmo sendo safo, tive que me retirar para o espaço peatonal para dar passagem ao desencanto automotor.

:: Mapa da rede cicloviária de Lima

Ciclovia do Malecón é um chamariz para a interação entre pais e filhos durante o deslocamento. Miraflores, Lima.

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Não cheguei a aplicar nas ciclovias de Lima a nossa proposta de avaliação rápida de vias ciclísticas. Mas fica evidente que alguns locais tem sérios problemas nos cruzamentos, intersecções e – principalmente – conectividade dessas vias. A ciclovia da Avenida Arequipa termina do nada, e joga o ciclista na faixa de maior velocidade pouco antes de um túnel sob a ponte que se ergue na Rua 28 de Julio, que, toda vez que eu passei, estava congestionada. Tirando a ciclovia do Malecón, todas as demais, geralmente no canteiro central da via, sofriam com os cruzamentos das vias transversais e, com freqüência, nas rotatórias (“óvalos”).

Bicicletas dominam lateral de ciclovia na Av. José Larco, em Miraflores, Lima.

Ok, eu posso estar sendo um pouco exigente demais. Há exemplos de cruzamentos excepcionais em Lima, em especial quando as transversais são vias de menor importância. Em verdade, a ampla maioria dos cruzamentos tinham alguma sinalização para o ciclista. E não era pouca ou de má qualidade. Houve travessia em nível, farta pintura no asfalto, medidas de traffic calming. Posso afirmar sem sombra de dúvidas que, se as ciclovias de Florianópolis tivessem o padrão de cruzamento das ciclovias de Lima, as avaliações das infraestruturas locais subiriam enormemente.

Cruzamento sinalizado entre as ciclovias das avenidas José Larco e 28 de Julio, Miraflores, Lima. Note que, sem educação no trânsito, não há sinalização que salva.

Sinalização e travessia em nível em cruzamento da ciclovia da Av. Arequipa, em San Isidro, Lima.

Há lados positivos. Hoje, a região de Lima conta com 171 trechos de ciclovias! Eram 184,5km de pistas exclusivas ou compartilhadas, com a pretensão de se chegar a 400km até o fim do ano. Segundo estimativas do Banco Mundial, os distritos de Lima deveriam ter 1.084km de ciclovias para tornar o pedalar um meio de transporte seguro.

Sinalização no cruzamento da ciclovia da Av. José Pardo para se chegar à rotatória da Plaza Parque Centroamérica, Miraflores, Lima.

Para uma cidade litorânea, Lima tem condições climáticas muito próprias. Quase nunca chove, mas geralmente a umidade relativa do ar é elevada. Pode ser que tenha menos de 20mm de pluviosidade anual – anual! -, mas isso não confere um clima seco à cidade. São comuns as névoas encobrirem as ruas de Lima – a chamada garúa – e, para uma cidade quase sob o epicentro do Equador, suas temperaturas são bastante frescas. Aliado a grandes aplainados, seja na parte alta ou baixa da cidade, conforma condições muito propícias ao pedalar diário.

Quase sempre a neblina se faz presente. Quando some, pode-se apreciar um pôr-do-Sol como este em Miraflores, Lima.

Cicloestação com ferramentas para você arrumar sua bike ou aprimorar sua performance. Ciclovia da Av. Arequipa, San Isidro, Lima.

Bicicletário em formato de automóvel na Calle Jorge Chávez, em Miraflores, Lima.

Bicicletário de bicicleta na Pasaje Nicolas de Rivera, próximo a um posto de informações turísticas. Cercado de Lima, Lima.

E um dos elementos mais comuns nos trechos de ciclovias que citei foram os jardins. Sim, a arborização tão esquecida pelos construtores de ciclovias brasileiros está incrustada nas vias ciclísticas de Miraflores. Muito se poderia argüir sobre os serviços ecológicos e ecossistêmicos desses verdadeiros parques lineares que adentram o meio urbano, mas este não é o enfoque deste texto. Sem dúvida, as regiões com melhor estrutura cicloviária acabam chamando mais pedestres e ciclistas para usufruírem do espaço público de Lima e isso gera dividendos econômicos e sociais. Levar essas quase vias-parques para locais com maior uso potencial ou efetivo da bicicleta poderia transformar vidas e realidades.

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Talvez isso seja o que se espera fazer no Centro de Lima. Tirando-se a ciclovia do Parque de la Muralla, no limite norte da região central, ao lado de mercados populares de roupas e livros, faltam condições de segurança para o ciclista no centro da cidade. Aliás, não apenas ao ciclista, mas aos pedestres. Cruzar a Av. Paseo de la República para acessar ao calçadão do Parque Paseo de los Héroes Navales, seja a pé ou de bicicleta, é um tormento! Sorte que um vendedor de chá gelado e de chicha morada – bebida típica do país, feita com milho arroxeado (maíz morado), extremamente refrescante – estava presente, aguardando pedestres que desciam dos ônibus comprarem suas bebidas. É fundamental compreender que de frente a esse parque temos repartições públicas, incluindo o Palacio de Justicia. É quase anedótico como é difícil acessar fisicamente o poder judiciário se você não está de carro!

Ciclovia no Malecón del Rio, Parque de la Muralla, Cercado de Lima, Lima.

Muitas vias no Centro tem sentido único. Elas seguem uma lógica automobilística e esquecem da escala humana que o pedalar proporciona. Dar voltas intermináveis para se acessar o que está adiante do olhar é algo que inibe o ciclismo e faz com que os ciclistas se coloquem em risco ainda maior, arriscando-se na contramão. Mas essa vontade advém da própria ausência de planejamento dos gestores, que desconsideraram a circulação de bicicletas ao redirecionar o tráfego nessas vias.

Grafite com motivos ciclísticos na Embaixada Francesa em Lima, visível por quem pedala pela Av. Arequipa.

Se, por um lado, planeja-se ampliar a malha cicloviária de Lima e arredores, a forma como isso vai ser feito é de espantar ciclistas e economistas. Projetos, inclusive com maquetes e simulações, foram apresentados aos presentes no Fórum Mundial da Bicicleta. E deixou atônitos os ciclistas. Infelizmente, não de uma forma positiva. Um dos projetos previa uma rotatória elevada imensa num dos principais cruzamentos limenhos. O problema, além do custo astronômico, é que havia uma segregação muito grande do ciclista e não se projetava o trânsito de permanência – justamente os cruzamentos que fazem com que o ciclista acesse os órgãos públicos ou o comércio local! A ideia, certamente copiada dos Países Baixos, parece bacana, mas tem que se prever a utilidade e como isso vai interagir com os deslocamentos atuais e futuros dos pedalantes. Enfim, no projeto exibido, não ficou bom e seria mais útil destinar verba equivalente para outros trechos cicloviários, considerando ainda que o original situa-se em uma via rural, enquanto o planejado localiza-se no coração do miolo urbano.

Olha quanta pista para automóveis na maquete! Hoje, esse trecho já é muito difícil de se cruzar e as expectativas não são as melhores. Maquete apresentada durante o 7º Fórum Mundial da Bicicleta.

 

Pelas minhas contas, neste mês de junho a Massa Crítica de Lima deve chegar à sua 100ª edição! Certamente houve um enorme avanço desde as primeiras manifestações. Mas se há uma lição que o 7º FMB demonstrou é que ainda existe um longo caminho a ser percorrido até que o Peru se torne um país cycle-friendly.

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Fabiano Faga Pacheco

* Este texto foi produzido como um produto do Edital 01/2018,  “Você no FM7”, promovido pela União de Ciclistas do Brasil.

Ciclistas protestam em postos de gasolina de Florianópolis

Na última sexta-feira, 25 de maio, um grupo de cerca de 30 ciclistas percorreu diversos postos de gasolina de Florianópolis em protesto pela elevada dependência do uso da gasolina e outros combustíveis fósseis na cidade. Os ciclistas saíram em torno das 20h30 da pista de skate da Trindade e percorreram a Avenida Madre Benvenuta até o final, antes de retornarem e seguirem pelas Ruas Lauro Linhares, Delminda Silveira, Frei Caneca, Rui Barbosa e Heitor Luz e pela Avenida Mauro Ramos. Durante todo o trajeto, os postos de gasolina, vazios ou ainda com veículos tentando abastecer dos últimos litros de combustível, foram ocupados pelos ciclistas, que gritaram diversas frases de efeito e conquistaram a atenção dos transeuntes e motoristas

:: Confira o evento no Facebook

Tradicionalmente com ocorrência nas últimas sextas-feiras de cada mês, a Bicicletada Floripa mais uma vez trouxe à tona a pergunta: qual cidade queremos para o futuro?

Inicialmente, a chamada da edição mensal atentava-se ao frio que tem feio na região. Num trocadilho envolvendo os ventos gélidos que vêm do sul e a origem da Bicicletada na Critical Mass de San Francisco, a chamada Massa Polar Crítica mudou seu foco e, usufruindo-se da situação da greve dos caminhoneiros, que resultou na ausência de combustíveis na maioria dos postos da região, chamou a atenção para a dependência de Florianópolis do uso da gasolina para a mobilidade urbana.

Bicicletada Floripa protesta em posto de gasolina na R. Delminda Silveira. Foto: Fabiano Faga Pacheco.

Com 48% dos deslocamentos feitos por transporte automotor individual, a capital catarinense tem o maior índice de motorização do país, sendo 50% superior a cidade maiores, como Curitiba ou São Paulo. Isso faz com que a matriz de transporte florianopolitana seja altamente dependente da gasolina. O resultado de décadas de estímulo ao uso indiscriminado do automóvel já era previsível: congestionamentos quilométricos e a pior mobilidade urbana do país.

Ciclistas ocupam posto de gasolina sem combustível na Av. Mauro Ramos, em Florianópolis. Foto: Fabiano Faga Pacheco.

Um cenário de desabastecimento de gasolina numa cidade assim claramente resultaria em incalculáveis prejuízos econômicos. É a falta de ação em acessibilidade e mobilidade sustentável que leva a esse cenário.

Munidos de bicicletas, trabalhadores e estudantes que cumpriram a sua jornada diária optaram por buscar evidenciar essa absurda situação por meio de um protesto divertido e irreverente.

Os postos de gasolina, a maioria dos quais já sem mais combustível, foram alvos de uma mandala. Gritos de apoio à bicicleta e contra o uso de gasolina ecoaram pelas ruas e postos, para a distração das pessoas que aguardavam um ônibus em horário reduzido ou que torciam para que ainda houvesse gasolina quando da sua vez.

Ao final da Bicicletada, um ligeiro desvio pela Avenida Hercílio Luz levou os ciclistas para o Giratta Bike Café, empreendimento erguido por dois antigos participantes da Massa Crítica local, e transformou o boulevard erigido sobre um antigo córrego de Floripa em uma praça de exposições ao ar livre, mesclando iluminação, arborização, cultura, bicicleta e urbanismo, num mosaico que suspendeu as emoções de quem dele conseguiu desfrutar.

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Fabiano Faga Pacheco

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Exibição de “Bike vs Cars” em Florianópolis

Diálogos Urgentes debate a “mobilidade urbana” com sessão comentada do doc. “Bikes vs Cars”

A mobilidade urbana é um grande desafio das cidades contemporâneas em todo o mundo e um tema urgente a ser discutido pela sociedade. Para fomentar a reflexão sobre este assunto, o Sesc em Santa Catarina promove na próxima edição do projeto Diálogos Urgentes, no dia 28/06, sessão do documentário “Bikes vs Cars”, do cineasta sueco Fredrik Gertten, seguida por debate com convidados ligados ao tema do filme e comunidade. A programação é gratuita e acontece toda última quarta-feira do mês nos teatros do Sesc em Chapecó, Florianópolis, Itajaí, Jaraguá do Sul, Joinville, Lages e Laguna, às 19h. (+http://ww2.sesc-sc.com.br/evento/3458/null)

“Bikes vs Cars” apresenta um novo modo de mobilidade urbana. O roteiro também discute a enorme cadeia econômica dependente do carro e mostra como a indústria automobilística influencia nas políticas públicas das cidades e como a bicicleta começa a mudar uma parte desse jogo. Gravado em São Paulo (Brasil), Los Angeles (EUA), Toronto (Canadá) e Copenhague (Dinamarca), o audiovisual mostra realidades completamente diferentes, desde a luta por incluir o uso da bicicleta no dia a dia das pessoas em São Paulo até Copenhague, cidade que é referência internacional em mobilidade urbana.

O projeto Diálogos Urgentes iniciou em abril e segue até novembro, com o objetivo de favorecer o diálogo entre grupos, coletivos, agentes, estudantes e sociedade. As obras audiovisuais selecionadas para exibição levantam temáticas como loucura e arte, bullying, racismo, mobilidade urbana, feminismo, ditadura militar, formação do indivíduo, entre outros, que serão debatidos por convidados ligados aos assuntos e comunidade.

“Com esta ação, o Sesc abre um espaço de diálogo na sociedade. As temáticas em pauta se tornam cada vez mais urgentes de serem debatidas, para que a reflexão traga novos horizontes ao mundo contemporâneo. Promover essas discussões, por meio do cinema, estimula o cidadão no que diz respeito ao desenvolvimento da sua percepção do mundo e incentiva a formação de uma consciência crítica”, declara Maria Teresa Piccoli, gerente de Cultura do Sesc/SC.

SINOPSE “BIKES VS CARS”
Em tempos de uma crise generalizada, é necessário relacionar algumas discussões no que tange ao clima, recursos naturais e cidades. A indústria automobilística cresce desenfreadamente. Ciclistas militantes buscam mudanças radicais na mobilidade das grandes cidades. As diferenças no uso de bicicletas e de carros são gritantes em comparação entre algumas cidades, como São Paulo e Copenhague. Direção: Fredrik Gertten; Gênero: Documentário; Nacionalidade: Suécia.

Mais informações:

Sesc em Chapecó – Rua Brasília, 475-D – J. Itália (49) 3319.9100
Sesc em Florianópolis (Prainha) – Travessa Syriaco Atherino, 100 – Centro, (48) 3229.2200
Sesc em Itajaí – Rua Almirante Tamandaré, 259 – Centro (47) 3249.3850
Sesc em Jaraguá do Sul – Rua Jorge Czerniewicz, 633 (47) 3275.7800
Sesc em Joinville – Rua Itaiópolis, 470 – Centro (47) 3441.3300
Sesc em Lages – Av. Dom Pedro II, 1693 (49) 3222.3936
Cine Teatro Mussi em Laguna – Rua Osvaldo Cabral, 165 – Centro Histórico (48) 3644.015

Fonte: SESC SC, em 22 de junho de 2017.

Surge a Amobici

O relógio marcava dezenove horas e quarenta e três minutos quando teve início a Assembleia Geral que daria origem à mais nova representação formal de ciclistas do Brasil. Vinte adultos – e mais duas crianças, além de três bicicletas – ocupavam o Salão Pitangueira do Centro de Cultura e Eventos da Universidade Federal de Santa Catarina, aos cinco dias de abril deste ano, para presenciarem o fato histórico.

Se lá fora, no hall do gigante equipamento da maior universidade catarinense, a alegria tomava conta dos futuros formandos do curso de Ciências da Computação, dentro da sala mais ao sul do prédio a inquietação também dava os seus ares. Em instantes, seria formalizada a criação da Amobici – Associação Mobilidade por Bicicleta e Modos Sustentáveis.

Como que dando a benção das demais entidades cicloativistas do país, a presidência da Assembleia coube a André Geraldo Soares, presidente da União de Ciclistas do Brasil (UCB). O secretariado ficou com Fábio Barbosa Almeida, do Pedal Nativo. Nas cadeiras, pessoas de movimentos, pedaladas e ações diversas no “currículo”. Sinalização Cidadã, Bicicletada Floripa, MobFloripa, Fitzz, Bicicleta na Escola, Ciclotáxi Desterro, Bike Anjo Floripa, Projeto Pedala Floripa, Rede Vida no Trânsito, Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis, Bicicleta na Rua. Nem mesmo a ViaCiclo – Associação dos Ciclousuários da Grande Florianópolis (ViaCiclo) foi esquecida. Esta última, apesar de estar em processo de encerramento legal de suas atividades, foi por diversas vezes lembrada nos discursos, pelo pioneirismo de suas ações em Florianópolis e mesmo no Brasil. Graças, em parte, a ela, a Amobici não começará suas atividades do zero. E poderá cobrar a consecução da “Carta Compromisso com a Mobilidade Ciclística de Florianópolis” do Projeto Bicicleta nas Eleições, última atividade da ViaCiclo.

André Geraldo Soares, da União de Ciclistas do Brasil (à direita), preside a reunião de fundação da Amobici, secretariada por Fábio Almeida. Foto: Fabiano Faga Pacheco.

Na reunião, além da criação, foram aprovados o nome da entidade, o estatuto e a primeira diretoria. O posto de primeiro diretor-geral caberá a Luis Antonio Schmitt Peters, que terá ao seu lado Ana Maria Nascimento Destri como diretora administrativa e Rodrigo Herdt, diretor financeiro. Eles serão fiscalizados pelos conselheiros Karla Antunes, Juliana Shiraiwa e Radji Schucman.

A Amobici deve ocupar, com muito mais vigor, o espaço deixado com o iminente fim da ViaCiclo. Deverá ser o suporte burocrático e a pessoa jurídica a zelar pela integridade dos ciclistas de Florianópolis. Deverá ser a voz e a mão de quem pedala por gosto, lazer, prazer, saúde, desporto, turismo, praticidade, economia, necessidade e mesmo ativismo. Ainda mais: deverá ser a voz de quem não pedala por não se sentir seguro, de quem não pedala por não haver melhores condições para isso, de quem não pedala porque a cidade não lhe permite.

A Amobici é oficialmente fundada. Foto: Fábio Barbosa Almeida. Arte: André Geraldo Soares.

A Amobici nasce de um amor incondicional à vida. À vida bem vivida. À vida com saúde. À vida com real sustentabilidade. Que esses pilares que hoje formam a sua essência sigam com ela por toda a sua existência.

Por Fabiano Faga Pacheco

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Fabiano Faga Pacheco

Veja também:

De Olho na Ilha: Ciclistas de Florianópolis criam associação para incentivar uso da bicicleta como meio de transporte

Descanse bem, Detinha!

Após vários anos no cicloativismo e já fazendo parte da União de Ciclistas do Brasil, começo a ouvir uma voz dissonante, de um dos centros  não tão conhecidos pelos cicoativistas mais antigos. Vinha de Vitória, no Espírito Santo, aquela voz feminina, uma voz batalhadora, de quem lutava com imenso ímpeto pela mudança de uma situação que gerava – e gera – riscos à vida de quem usa as duas rodas.

Detinha, sempre que possível, queria mais – e fazia mais! Participou do CUC – Ciclistas Urbanos Capixabas, do Bike Anjo e, inclusive, na própria União de Ciclistas do Brasil.

Mas durante muito tempo o seu rosto permaneceu como uma incógnita para mim. Vitória e Florianópolis têm mais em comum do que o fato de serem capitais em ilhas. Ambas são politicamente carentes de planos de estado, aqueles que atravessam governos. Ao menos, de plano de estados que privilegiem a mobilidade humana. Sempre é preciso que a sociedade relembre os políticos para quem eles devem governar e de quem eles devem se lembrar ao planejar uma cidade. Frequentemente, planeja-se para o congestionamento, para as doenças respiratórias, para carros e mais carros.

Não é disso que uma cidade saudável precisa! Eu sei disso e Detinha sabia disso!

Enfim nos encontramos na terceira edição do Bicicultura, ocorrido em maio deste 2016 em São Paulo. A voz ganhou um rosto. A admiração já existia.

Quis o destino que fosse justamente no Festival da Cultura da Bicicleta a única vez que eu me encontrasse pessoalmente com uma das mais atuantes ativistas da bicicleta do país.

Na quinta-feira, 30 de junho, logo após palestrar sobre mobilidade urbana na 6ª Conferência das Cidades, Detinha foi atingida por uma porta recém-aberta, caindo no chão e batendo a cabeça. Entrou em coma após o traumatismo craniano, vindo a falecer horas depois.

Quis o destino que, nas circunstâncias de sua morte, Detinha fosse reconhecida pelo que era e pelo que lutava: uma MULHER que buscava o melhor para a cidade, através de políticas de mobilidade voltada aos pedestres e aos ciclistas. Essa mulher não parava de agir! E foi necessária uma desatenção irresponsável para que ela repousasse.

As batalhas pela sobrevivência aqui em terra continuam. E você lutou bravamente! Queremos nós que tua – a minha, a nossa – luta tenha ajudado a sensibilizar o coração de quem tem o poder de mudança em larga escala. De quem pode salvar vidas ao investir no ser humano e no meio ambiente.

Descanse bem, Detinha!

E obrigado por ter existido.

Detinha Son

Fabiano Faga Pacheco

Bicicleta é tema de debate na Semana do Meio Ambiente da UFSC

Nesta terça-feira, 7 de junho, ocorrerá uma mesa-redonda com a temática “Ciclovias em Florianópolis”, como parte das atividades da Semana de Meio Ambiente da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em Florianópolis. As palestras acontecerão a partir das 18h no auditório do Centro Sócioeconômico (CSE).

O debate, mediado pelo Prof. Arnoldo Debatin, contará com a Profa. Dora Orth, engenheira civil do Observatório de Mobilidade da UFSC, que falará sobre a rede cicloviária da Universidade, com a arquiteta Ingrid Etges Zandomeneco, do Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis (IPUF), que comentará sobre a rede cicloviária do município, e com o ciclista Audálio Marcos Vieira Jr., do site parceiro Pedala Floripa, que finalizará com a palestra “Ciclovias: boas para você e para o nosso meio ambiente“.

A atividade é gratuita e inscrições podem ser feitas através deste link.

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