Bicicletada do Fim do Mundo

Última chance – ao menos de 2012 – de você participar da Massa Crítica de Florianópolis, a edição de dezembro da Bicicletada local brinca com a interpretação da profecia maia e promete agitar a capital catarinense neste início de verão.

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Tradicionalmente às últimas sextas-feiras de cada mês, a Bicicletada Floripa antecipa sua edição natalina para esta sexta-feira, dia 21 de dezembro, com saída às 19h da pista de skate da Trindade, em frente ao Shopping Iguatemi.

O passeio, em ritmo leve, aguardando lentamente o desmoronar dos céus, pode ser acompanhado por qualquer pessoa, alienígena ou civilização mais avançada que surgir pelo local e estiver de bicicleta, patins, skate, patinete ou mesmo a pé. Veículos motorizados, incluindo carros, motos e discos-voadores, devem ser evitados a fim de tornar mais ecológico e sustentável o planeta que restar.

Se os maias estiverem certos, será a sua última chance de participar de um agradável manifesto de ocupação das ruas, antes que estas deixem de existir por um meteoro, hecatombe ou simplesmente por sumir sob o excesso de veículos parados em engarrafamento permanente.

Narrativa multimídia sobre “ghost bikes” será apresentada nesta quinta-feira

O trabalho de conclusão de curso de Jornalismo de Marina Lisboa Empinotti, que aborda as bicicletas-fantasmas (“ghost bikes”) em uma linguagem narrativa multimídia para internet será apresentado nesta quinta-feira, dia 13 de dezembro, no Centro de Comunicação e Expressão da Universidade Federal de Santa Catarina (CCE/UFSC), na sala SMEIOS, no térreo, às 10h.

Making off do documentário "Ghost Bikes": entrevista com Bicicleta na Rua. Foto: Mario Sergio Fregolão.

Making off do documentário “Ghost Bikes”: entrevista com Bicicleta na Rua. Foto: Mario Sergio Fregolão.

Saiba mais:

(Vídeo) Prévia do documentário “Ghost Bikes”
Bicicleta-fantasma de Jurerê também chegou a ser furtada e recuperada

Documentário “Ciclovida” será exibido na UFSC

Será exibido nesta quarta-feira, 12 de dezembro, na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), o documentário “Ciclovida”. A sessão, promovida pelo Núcleo de Pesquisa sobre Agricultura Familiar da instituição, ocorrerá às 15h, no miniauditório do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFH).

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Ciclovida v.3

“Ciclovida” (“Lifecycle”, Estados Unidos/Brasil, 2010) conta a história de um grupo de pequenos agricultores cearenses que atravessou a América do Sul pedalando por mais de dez mil quilômetros na campanha de resgate das sementes naturais. Os viajantes documentaram a dominação dos agrocombustíveis no campo e o deslocamento de milhões de pequenos agricultores e comunidades indígenas.

Saiba mais sobre o filme, laureado em festivais internacionais de cinema ambiental, no site:

www.ciclovida.org

Veja abaixo os cartazes e trailer oficiais do filme.

Ciclovida v.1

Ciclovida v.2

Sábado de luto e lutas

Dia 08 de dezembro de 2012 ficará indelevelmente marcado na história de Florianópolis. Não por ser 13 dias antes de um suposto fim do mundo, mas sim porque, independentemente das condições temporais, as ruas estarão marcadas pela presença, revolta, indignação e esforço dos ciclistas da cidade.

Mário Augusto Fernandes será homenageado em Cacupé. Mas não receberá nenhuma homenagem que quaisquer um de nós gostaríamos de receber em vida. Até porque sua vida foi ceifada na última segunda-feira, dia 03. Em plena SC-401, a Rodovia das Mortes, num trecho sem acostamento e nem condição alguma de trafegabilidade a quem caminha ou pedala, ele foi atingido enquanto, a pé, empurrava sua bicicleta na valeta que se encontra onde o acostamento não está.

Como se já não fosse previsível tal fato continuar acontecendo após anos de avisos seguidos por inação, 2012 tornou-se aquele em que mais ciclistas perderam a vida na rodovia estadual mais movimentada de Santa Catarina. Uma mancha, de sangue, na administração pública.

A instalação da “ghost bike” ou bicicleta-fantasma no Cacupé ocorrerá na manhã de sábado. Está prevista para às 9h, na pista de skate da Trindade, em frente ao Shopping Iguatemi, a saída de ciclistas rumo ao local do acidente. A homenagem começará às 10h, próximo ao trevo da Rod. Caminhos dos Açores. Recomenda-se aos motoristas que, durante a colocação da bicicleta branca, façam o desvio por dentro do bairro, caminho comum dos ciclistas que se vêem sem outras alternativas seguras de ir do norte da Ilha de Santa Catarina ao centro.

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Pela tarde de sábado, duas ações simultâneas na cidade: Massa Crítica da Lagoa da Conceição e pedalada contra a corrupção no Centro.

Após um segundo mandato inteiro dizendo-se e desdizendo-se, Dário Elias Berger mostrou ao que veio e ao que não veio. Sobre a ciclovia na R. Ver. Osni Ortiga, na Lagoa da Conceição, inaugurou tudo, de autorização para liberação de verbas até uma plaquinha afirmando em quatro meses ficar pronta a obra – prazo já expirado. Só não inaugurou duas coisas: nem a obra completa, nem a pedra fundamental.

Obra que poderia ser concluída em seis meses, ainda em 2009, e recebeu recursos do Ministério das Cidades este ano, não foi adiante por incapacidade gerencial do prefeito e seus braços-direitos, aqui apelidados de Juquinha e Zé. Bem que se tentou antes das eleições mostrar a boa vontade que não houve o mandato todo por parte desses três, com a implantação de uma placa avisando que a obra sairia ainda este ano. Ato da mais pura demagogia.

Como nos últimos segundos sábados do mês, dia 08 é dia da Bicicletada da Lagoa da Conceição. A concentração começa às 14h, com saída às 15h em uma pedalada alegre de ritmo leve, própria para pessoas de qualquer idade.

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O conjunto de manifestações “O que você tem a ver com a corrupção?”, encabeçado pelo Ministério Público Estadual, vai contar com um passeio ciclístico também. A concentração da Pedalada Venceremos a Corrupção ocorrerá no Koxixo’s, na Av. Beira-Mar Norte, a partir das 16h. Quem quiser participar e não tem bicicleta, poderá alugar uma na Praça de Portugal, em frente ao trapiche, e seguir pela ciclovia até o ponto de encontro. Às 17h, ocorrerá a saída. O ponto de chegada é um dos antros da corrupção pública, a Praça da Bandeira, em frente à Assembléia Legislativa do Estado de Santa Catarina. Lá, haverá distribuição de cartilhas, adesivos e camisetas, além do sorteio de duas bicicletas.

Veja abaixo a programação completa do Dia Internacional contra a Corrupção:

Florianopolis 2012-12-08 Corrupcao

(clique sobre a imagem para ampliá-la)

Sábado promete!

Fernanda Lago: Florianópolis tem que deixar de ser “carro-dependente”

O texto abaixo foi originalmente publicado no periódico Diário Catarinense, versão impressa, na quinta-feira, 06 de dezembro de 2012, na página 3 do caderno Variedades. Pode ser lida também neste link.

Cronica - Fernanda Lago DC 2012-12-06 Dependentes

(Veja em PDF)

Contexto

Dependentes

Fernanda Lago

Cada vez mais as cidades do mundo, falo das urbanizadas, obviamente, restringem o acesso dos carros nas suas áreas centrais. Várias metrópoles optam por privilegiar o trânsito de pedestres e veículos pequenos, mais individualizados, como a bicicleta, o skate, o patinete, o patins e até as motinhos, vespas e afins, feitas para, no máximo, duas pessoas ocuparem. E em contrapartida, estão a impedir que os tentáculos do trânsito mais pesado espalhem-se sobre os espaços públicos como se fossem os únicos, ou os mais importantes componentes de uma cidade. Assim, torna-se mais comum pensar, planejar e implantar meios de transportes alternativos e de veículos coletivos e públicos, tão fundamentais para o fluxo das coisas.

Queiram ou não, os carros, os tais veículos de passeio, hoje são objetos obsoletos. Projetados idealmente para o uso comum de quatro a seis passageiros, mas a grande maioria carrega apenas um, o próprio motorista.

Duvida? Faça um passeio mais atento por sua cidade, seu bairro e conte, num curto espaço, pode ser apenas cinco minutos, ou alguns metros, quantos veículos, feitos para mais ocupantes, passam com apenas uma pessoa nele. Fiz isto, a título de pesquisa não científica, na segunda-feira, às sete e meia da noite, na rua geral do Córrego Grande e fiquei impressionada, pois numa sequência de apenas um minuto, os 15 carros que passaram no sentido contrário, tinham somente o condutor como ocupante. Haja desperdício!

Arte: Felipe Parucci.

O jornalista Gilberto Dimenstein utiliza uma expressão muito boa para definir o apego e o uso excessivo dos carros nos espaços urbanos. Segundo ele, vivemos em cidades “carro-dependentes”. Título justo e merecido, já que é bem mais comum do que possa supor qualquer filosofia ver o cidadão fazer uso do seu carro para se deslocar até a academia de ginástica mais próxima, a fim correr na esteira, ou para ir até a padaria da esquina, a locadora e por aí afora. Somos uma sociedade de viciados em carros, ao ponto de crer que a vida será melhor, mais feliz, com mais amigos e namoradas, dependendo do modelo que o nosso dinheiro possa bancar, ou não. Chegamos ao estágio de confundir veículo motorizado com ego.

Mas agora, que vivemos a insustentabilidade, o que realmente importa é saber como vamos sair dela. Alguns locais mais civilizados passaram a adotar a proibição de carros e outros veículos, em detrimento do pedestre e dos ciclistas. Exemplos como Nova York, que em cinco anos criou 450 quilômetros de ciclovias e fechou várias praças aos carros, entre elas a famosa Times Square e, apesar das críticas fervorosas, o comércio cresceu e a cidade toda comemora, inclusive os turistas brasileiros ávidos pelas andanças atrás dos melhores preços e produtos à venda. Lá, o transporte público também melhorou com a ampliação dos corredores de ônibus.

Mais perto, aqui na América do Sul, a Colômbia chegou na frente. Bogotá, antes conhecida como a capital mundial do narcotráfico, hoje é exemplo em desenvolvimento social e mobilidade urbana. O caminho foi longo, mas a cidade melhorou quando priorizou os espaços públicos com a ampliação de calçadas, ciclovias e parques. As áreas de estacionamentos da cidade foram reduzidas, apesar das reclamações dos donos dos carros.

Em Florianópolis, assistimos, principalmente pelas redes sociais, uma briga séria e feia, a dos “com carros” contra os “com bicicletas” e vice-versa, enquanto algumas áreas de estacionamento estão se tornando ciclofaixas, para felicidade de alguns e ódio de outros. Pena que a mobilidade não se restrinja apenas a isto. Aliás, vou gostar ainda mais de morar aqui quando as ciclovias tiverem começo, meio e fim, o transporte público for eficiente, o centro da cidade priorizar o pedestre e quando deixarmos de ser “carro-dependentes”.