17 de setembro de 2011
por bicicletanarua
“Quando fui convidado pra fazer o percurso, de carro, fiquei bastante chateado, pois no ano passado, por estar de braço quebrado, não tive como escapar da incômoda tarefa de levar a jornalista e a minha bicicleta, dentro da latinha com rodas.
Cheguei na UFSC, um pouco antes do horário, depois de levar uma hora, pra ir do Campeche até ali, em virtude das obras de implicação da SC 405, que faz duplicar o tempo que eu levo de bicicleta. O Fabiano me avisou que eu iria, a pé, pelo Suli. Fiquei feliz, pois passaria, de novo, por um trecho que muitas vezes passei com passeatas e protestos, podendo observar as mudanças da urbanização do Saco dos Limões, nos últimos tempos.
A chuvinha miúda, recém chegada, foi a companheira dos primeiros passos, seguindo junto com os carros, que passavam, lentamente, permitindo que eu interagisse com os passageiros e motoristas, sem que ninguém tivesse me oferecido carona, ou mesmo um questionamento, pelo fato de eu ir caminhando. O trânsito só transitou depois do morro da Carvoeira, quando perdia os carros de vista. O que pude ver é que a maioria deles levava apenas um ser humano, tornando a relação custo/benefício bastante desfavorável a eles. Diferença esta manifesta nas protuberâncias glúteas e abdominais, que, flácidas, circulam preguiçosas, acumulando cólicas, asmas e colesterol. Por isso, preferi seguir pensando em coisas mais agradáveis.
Lembrava do tempo que havia um pequeno córrego, trazendo água cristalina do alto do Morro da Cruz, rumo ao mangue do Itacorubi, que seguia à estrada até os domínios da Universidade. Isso lá pelos anos que se comprava leite em garrafa de vidro e o padeiro passava de galiota, puxado por um pangaré ensinado. A chegada da moradia vertical, na descida da Carvoeira, diminuiu a área de visibilidade do Saco dos Limões, e o aterro levou o berbigão para mais longe um pouquinho. Não sei se ainda se pode catar berbigão, porque muito cagalhão ainda desce pelos valões, contribuindo para a propagação de microorganismos aquáticos, que alteram sensivelmente a rotina dos diversos comensais que se apropriam daquele ambiente. Chegando no José Mendes, vi que não há mais fábrica de refrigerantes, e a loja de automóveis virou templo ecumênico. Na curva do Penhasco, pude agradecer a Nossa Senhora da Liberdade, pela oportunidade de estar curtindo uma paisagem de cartão postal. Faltava muito pouco pra terminar minha jornada, num final de tarde feito sob medida, pra saber com quantos passos se faz uma jornada.
Depois de atravessar a cracolândia, que estava esvaziada, ganhei a passarela e a parte mais sombria do trecho. Logo quando estava na entrada da Cidade, percebi o quanto aquele local é abandonado. Alguns mendigos, um butequinho e uma escuridão de cemitério compõem a paisagem mórbida do meu momento de chegada. Só aí eu pude perceber porque a maioria das pessoas não faz este trajeto, da forma lúdica e saudável que eu estava fazendo, mais uma vez. Apesar de todo meu prazer de ter feito aquele passeio, as condições das calçadas, o desconforto das perseguições dos carros, que, na ânsia de levar seus motoristas para casa, atropelam o pedestre, este ser tão estranho que insiste em ser humano.
Quando cheguei, fui informado que o secretário ainda não havia chegado, pelo seu sistema de transporte desintegrado. Eu levei menos de uma hora, e apenas quinze minutos a mais que o auto(i)móvel. Com certeza, o estresse que o motora teve, durante seus momentos de estacionalidade, foi muito maior que o meu prazer de ter curtido uma caminhada animada. O problema é que o dele vai para a coluna do custo, enquanto o meu consta como benefício. Portanto, muito mais saudável e sustentável.
Valeu, galera, pelo encontro festivo com todos nós. O Fabiano, o Daniel Biólogo Presidente da Viaciclo, a gurizada animada, o Audálio, que quando chegou saía fumaça por todos os poros, a chuva, os buracos da calçada, a fumaça de olhodisel dos ônibus lotados, e todos os que eu encontrei, que tornaram possível este instante de prazer e curtição.
Huli Huli”
Luiz Carlos Pereira, caminhante pelo sul
“Pena que não sei escrever tão bem como vocês, mas realmente o prazer de ir correndo e interagir com a natureza (poluição) é muito gratificante, ver que não é preciso estar preso às máquinas do progresso, que você pode ser mais rápido e ainda tirar todo o stress de uma semana de trabalho, é muito bom…
Todos os dias eu e meu colega vamos [de bike] – e, às vezes, quando acordamos cedo e conseguimos pegar uma carona com o Audalio, vamos os três – dos Ingleses até o Itacorubi, ainda não tivemos coragem de fazer a volta, mas já é um começo e, com certeza, uma válvula de escape para toda a pressão e correria do dia a dia, que infelizmente a nossa sociedade continua a aumentar e chamar isso de progresso.
Não sei que progresso é esse que nos tira a segurança, o convívio com a família e a saúde. Como vocês disseram, por causa do progresso a sociedade tem a tendência de ficar sedentária e sem saúde. Onde vamos parar?”
Cássio Engel Vidal, corredor pelo norte (via Agronômica)
Vejam também os seguintes relatos:
Audálio Vieira Junior, corredor pelo Norte (via Av. Beira-Mar Norte).
Daniel Costa, coordenador de chegada.
Marcelo Vardanega, motociclista pelo Sul.
Aproveita-se, também, para atualizar a tabela com os tempos do Desafio.
Saiba mais:
Motos e bicicletas dominam Desafio Intermodal em Florianópolis
Setembro, mês da mobilidade
Veja também:
O Eco – Outras Vias – Deixe seu carro em casa! Programação nacional para o DMSC 2011
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Links externos relacionados:
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