23 de janeiro de 2009
por bicicletanarua
Uma das primeiras coisas que fiz na Praia Grande foi lavar minhas roupas. Eu usara três camisetas nas 36h anteriores. Nenhuma estava em condições de ser reutilizada. Entretanto, devido ao longo tempo em que não estivera na Praia Grande, já não havia mais nenhuma roupa minha por lá. Minhas vestes ficaram lavando enquanto eu tombava de sono na cama recém-arrumada.
Mas agora o fato que realmente interessa. Na noite do dia seguinte, próximo às 22h, dirigi-me ao Extra do Litoral Plaza Shopping. Qual não foi a minha surpresa quando soube que ele não possuía bicicletário. Fui informado que, enquanto os demais veículos podiam entrar tranqüilamente, as bicicletas eram barradas. Como essa situação não fazia o menor sentido, fui seguindo a pé com minha bike ao lado. Um segurança com motocicleta abordou-me querendo saber as minhas intenções com a bike. Conversamos enquanto eu prosseguia. Quase na porta de entrada, outro segurança parou-me e agrediu-me. Pedi de imediato seu nome. Visivelmente nervoso, recusou-se-me a fornecê-lo. Fui seguindo com a bike, mas ele segurou-a pela roda traseira. Convencido de que eu iria entrar no shopping com a bicicleta mesmo, pegou-a e, indelicadamente, jogou-a numa cerca próxima a nós. Falou que poderia deixar lá. Trancafiei-a. Entrei no Extra, trajado com capacete, camiseta de ciclista e colete refletor.
Ao sair, vi seis funcionários próximos à minha bicicleta (o segurança que me agredira já havia saído de lá). Conversamos um pouco. Um cliente que vira a minha entrada aproximou-se e cumprimentou-me.
Fiz a reclamação abaixo:
Transcrição:
“No dia 8 de dezembro, em frente à entrada principal às 22h22 ± 7min, fui agredido fisicamente por um segurança do shopping. Tal fato constitui-se crime segundo o Código Penal. Tal ato foi feito propositalmente por eu, como cliente do shopping, entrar aqui com meu veículo (Art. 96 CTB), pelo qual o shopping não se responsabiliza. Gostaria que os funcionários fossem melhor instruídos a como lidar com os clientes, bem como a instalação de bicicletário na área interior do shopping.”
A resposta, até agora, foi:
“Prezado cliente
Com relação à sua queixa de agressão por um segurança do nosso shopping, registrada no último dia 09 de dezembro, enviaremos uma cópia à Gerência de Segurança para que apure os fatos internamente.
Lamentamos o transtorno.
Atenciosamente
SAC – Serviço de Atendimento ao Cliente / Litoral Plaza Shopping”
Mas as coisas não acabaram por aí!
Voltei lá no dia seguinte no horário do expediente. Como queria falar com os responsáveis pelo shopping sobre a instalação de bicicletários, não quis ver uma confusão ser causada – até porque um dos funcionários, que depois me afirmou chamar Alex, não teria escrúpulos em cortar o cadeado de minha bicicleta e furtá-la (não há outra palavra para descrever tal ação ilegal). Deixei-a presa simplesmente no local mais perigoso da cidade, bem em frente onde o tal Alex ficaria.
Fui à administração. Falei dos incidentes com outro Alex, operador de segurança. Ele se esquivou de meus argumentos. Não falou sobre as ações dos funcionários e muito menos como eu poderia fazer, como cliente, para ir de bicicleta ao shopping e não voltar a pé. Ainda falou comigo o Cristiano, coordenador do shopping. Parece que ele me entendeu, mas mesmo assim pediu para fazer o pedido por escrito. Fi-lo, como você confere abaixo:
Transcrição:
“——————–Instalação de Bicicletário——————–
Local: região interna do Litoral Plaza Shopping, situado na av. Ayrton Senna da Silva 1511, Jd. Intermares, Praia Grande, SP.
Situação atual: o referido shopping conta com centenas de locais de estacionamento para automóveis e motocicletas. Ele conta com uma área aberta (=sem cobertura) onde funcionários guardam as suas bicicletas. Clientes não têm local para estacionarem suas bicicletas e a têm que deixar em área externa ao shopping, onde não há segurança e o shopping não se responsabiliza pelas veículos de seus clientes (Art. 96 do CTB: bicicleta é um veículo).
Praia Grande foi considerada, em 2003, o município paulista com mais de 100 000 habitantes com maior índice de violência. Furtos de bicicleta são comuns na cidade. A administração municipal, atenta aos problemas advindos do excesso de veículos, têm investido na construção de dezenas de quilômetros de ciclovias nos últimos anos e o número de ciclousuários cresceu enormemente.
Bicicletários em estabelecimentos: quase todos os estabelecimentos de grande porte contam, hoje, com bicicletários destinados aos clientes. Situação comum é, até, a ampliação do número de vagas em bicicletários devido à elevada demanda. Em um local destinado à ocupação de um automóvel cabem 6 bicicletas. Sendo sincero, nos últimos 2 anos não vi e nem tive conhecimento de um shopping que não dispusesse de bicicletário.
Bicicletário ideal ao Litoral Plaza Shopping: pelas características do município, das vias de acesso ao shopping, do número de bicicletas de clientes presas fora do shopping e pelo fluxo de gente do local, o ideal é a instalação, de preferência em parte coberta, de 25 ± 5 vagas em bicicletário para clientes (mais as vagas para funcionários). O bicicletário tem que ser de um dos 2 tipos descritos: (1) uma barra grande em forma de corrimão com suporte (guinchos) para que a bicicleta fique presa pelo guidão e roda dianteira. Altura sugerida da barra: 1,20m. Espaçamento entre os guinchos: 1,0m a 0,8m. (2) uma barra em forma de “U” invertido, com cerca de 1,0m de altura, onde a bicicleta seria presa pelo quadro e roda dianteira. Costuma ocupar menos espaço e parece mais apropriado à realidade de Praia Grande. Não é necessário que o shopping se responsabilize pelas bicicletas (apesar de eu, como ciclista, adorar caso se tome uma atitude dessas). Um shopping de Santos oferece senhas para moto e bicicleta e vive abarroto de ambos, mesmo não se responsabilizando por elas. Os clientes sentem-se seguros e compram aos montes indo para lá sobre duas rodas.
Dos clientes com bicicleta: o shopping, não tendo lugar adequado para o cliente estacionar bicicleta, não pode impedi-lo de entrar em suas dependências com ela (se ele dispuser de estacionamento para veículos motorizados não poderá impedir o ciclista de entrar com a bicicleta). Pela legislação, o ciclista desmontado equipara-se ao pedestre, podendo, portanto, entrar com a bicicleta no shopping. Os seguranças não podem encostar no ciclista (caso contrário, estará cometendo crime segundo o CP). Estes são bons motivos para a instalação de bicicletáriuos na parte interna do shopping.”
Recebi a seguinte resposta no dia 30 de dezembro:
“Prezado Cliente
Recebemos sua carta, datada do último dia 12 de dezembro, com sugestões para a instalação de um bicicletário aqui no Litoral Plaza Shopping.
Estamos estudando o assunto com muito carinho e, futuramente, poderemos ter novidades.
Aproveitamos para agradecer suas sugestões “técnicas”.
Atenciosamente
SAC – Serviço de Atendimento ao Cliente LITORAL PLAZA SHOPPING “
Após feito o requerimento, minha bicicleta ainda se encontrava presa, junto a outras 21 de clientes, e mais de 40 bikes podiam ser vistas no bicicletário improvisado para funcionários.
Saiba mais sobre a Bicicletada Interplanetária:
Cobertura completa do “Bicicleta na Rua”
(I) Interplanetária – O período precedente
(II) Interplanetária – Rodas a girar rumo ao litoral
(III) Interplanetária – As primeiras infrações da PMR e os bloqueios
(IV) Quantos ciclistas tinham, afinal?
(V) Interplanetária – Perseguição policial
(VI) Interplanetária – Ciclistas são impedidos de pedalarem até o litoral
(VII) Interplanetária – Policiais cumprem horas extras para bloquear descida de ciclistas ao litoral
(VIII) Interplanetária – Policiais ignoram leis
(IX) Interplanetária – Polícia Rodoviária gasta mais de R$16 500,00 impedindo ciclistas de irem ao litoral
(X) Interplanetária – Bares amigo e não amigo dos ciclistas
(XI) Interplanetária – Os primeiros a chegarem a Santos
(XII) Interplanetária – Bloqueio dos Caminhos do Mar
(XIII) Interplanetária – A Estrada da Xiboca
(XIV) Interplanetária – “Pequenos” problemas técnicos: o pneu vegano e a Estrada de Manutenção
(XV) Interplanetária – Santos, enfim!
(XVI) Interplanetária – Faltam bicicletários no Litoral Plaza Shopping
(XVII) Interplanetária – O retorno a São Paulo
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